A precipitação dos furacões durante a mortífera e devastadora estação de 2020 foi até 11% mais intensa devido à crise climática causada pelo homem, indica um estudo publicado esta terça-feira na revista Nature Communications. “A principal conclusão é que a crise climática está aqui e já está a afetar as nossas épocas de furacões”, assinala Kevin Reed, cientista climático da Universidade Stony Brook e principal autor do estudo, à CNN.

O aquecimento global sobrecarregou as taxas de chuva por hora em tempestades tropicais e furacões em 5% a 10%, segundo a investigação, e se analisado só o caso dos furacões, o aumento é de 8 a 11%.

As inundações causadas pelas chuvas dos furacões e das tempestades tropicais são a segunda maior causa de mortes  em catástrofes naturais. O estudo sugere que a ameaça já vem a aumentar nas últimas décadas e deverá crescer ainda mais no futuro, porque o ar mais quente pode reter mais vapor de água, o que conduz a taxas de chuva mais elevadas.

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A temporada dos furacões – também chamados de ciclones tropicais — no Atlântico em 2020 foi a mais ativa já registada: houve 30 destes fenómenos meteorológicos. Foram tantos que rasgaram o alfabeto e as autoridades tiveram que usar letras gregas para os nomear a partir de setembro.

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O que é importante compreender é que se o furacão Katrina existisse em 2022, se isso acontecesse nesta próxima temporada, as chuvas dessa tempestade [tropical] seriam mais do que em 2005”, explica Reed à CNN. “Quando Nova Iorque tenta garantir que os impactos do furacão Sandy não acontecem da mesma forma que aconteceram em 2012, temos que refletir sobre o que o furacão Sandy faria em 2030 ou 2040″.

Allison Wing, investigadora climática da Universidade Estatal da Florida, garante ao canal televisivo norte-americano que as conclusões estão alinhadas com o que os cientistas já previam. As consequências dos furacões tornam-se piores à medida que os anos avançam — e enquanto o ser humano não muda de atitude. O estudo diz que “num mundo mais quente, corremos um maior risco de tempestades mais fortes e húmidas”, remata.

Reduzir o uso de combustíveis fosseis, considera Reed, é uma das soluções. “A crise climática não é apenas um problema para daqui a 70 anos; ela está aqui e está a impactar o clima do nosso dia-a-dia (…) Precisamos de nos adaptar e tornar os nossos sistemas mais resilientes”.