Depois de as imagens de Bucha terem chocado o mundo, foi a vez de o Presidente ucraniano se deslocar pessoalmente ao local onde pelo menos 400 pessoas morreram. Durante a visita, que aconteceu apenas dois dias depois de as forças ucranianas recuperarem a cidade, Volodymyr Zelensky diz que experienciou “o espectro inteiro de emoções”, mas terminou a visita com “nada mais que ódio pelo exército russo”.
A morte violenta de civis em Bucha, onde muitos cadáveres foram encontrados com tiros na cabeça, de mãos atadas atrás das costas e com sinais de agressão sexual, fez com que o Presidente ucraniano considerasse agora mais reduzida a possibilidade de negociações de paz. “A questão não sou eu, é a Rússia. Não vão ter muitas mais oportunidades de falar comigo”, alertou, numa entrevista à BCC, em que acusou o Presidente da Rússia, Vladimir Putin, e todo o exército russo, “de cima a baixo”, de “crimes de guerra”.
Nesta entrevista, Zelensky falou também da situação de Mariupol, onde acredita que dezenas de milhares de pessoas morreram e muitas outras estão desaparecidas. “Temos informação que, além das dezenas de milhares de mortes, muitos desapareceram. Sabemos que os seus documentos foram substituídos, receberam passaportes russos e levaram-nos para o interior da Rússia, alguns para o campo, outros para as cidades. Ninguém sabe o que aconteceu a estas pessoas. Ninguém sabe quantos foram mortos”, alertou.
À BBC, o chefe de Estado da Ucrânia voltou também a criticar os países europeus que continuam a comprar petróleo russo, acusando-os de “ganharem dinheiro com o sangue dos outros”.
Em particular, referiu-se à Hungria e à Alemanha, que diz estarem a tentar impedir um embargo à venda de energia pela Rússia que, segundo a BBC, este ano deverá ganhar 326 mil milhões de euros com o negócio.
“Alguns dos nossos amigos e parceiros entendem que este é um tempo diferente, que já não é só uma questão de negócios e dinheiro. É uma questão de sobrevivência”, disse à emissora britânica.
Zelensky pediu também aos países aliados que sejam mais rápidos a fornecer armas à Ucrânia: “Os Estados Unidos, o Reino Unido, alguns países europeus, estão a tentar ajudar e estão a ajudar. Mas continuamos a precisar delas mais cedo e mais depressa. A palavra chave é ‘agora’.”