Volodymyr Zelensky esteve esta segunda-feira em Bucha, dois dias depois de as tropas ucranianas terem anunciado que recuperaram o controlo da cidade ucraniana e de terem começado a circular fotografias e vídeos mostrando centenas de cadáveres de civis, vários dos quais alegadamente torturados por soldados russos. E deixou sinais mistos sobre a viabilidade de negociações futuras entre as delegações de Kiev e Moscovo.
Se, questionado pela BBC, o Presidente da Ucrânia afirmou que é possível continuar a negociar “porque a Ucrânia tem de ter paz” (prometeu mesmo “continuar os esforços diplomaticamente e militarmente”), também disse, citado pela CNN, que “é muito difícil” à Ucrânia negociar com a Rússia uma solução diplomática de paz depois de “atrocidades” como as cometidas em Bucha.
É muito difícil negociar quando vemos o que fizeram aqui”, apontou.
Crimes como aqueles que terão sido cometidos pelas forças russas em Bucha evidenciam “a natureza do exército russo”, defendeu Zelensky, que acusou os soldados do Kremlin de “tratarem pior pessoas do que animais”. O Presidente ucraniano visou ainda “os líderes dos principais países que tomaram decisões sobre se a Ucrânia deveria fazer parte da NATO” no passado, desafiando-os: “Acho que deviam vir aqui e ver como acabam estes jogos, este flirt com a Federação Russa”.
Zelensky dirigiu-se ainda diretamente aos jornalistas que o acompanhavam em Bucha: “Queremos que mostrem ao mundo o que aconteceu aqui, o que o exército russo fez, o que a Federação Russa fez na Ucrânia — um país que vivia em paz. Era importante que vissem que estas pessoas [mortas] eram civis”.
As autoridades ucranianas vão fazer todos os possíveis para responsabilizar os autores do “massacre”, acrescentou: “Não vamos descansar um minuto até encontrarmos todos os criminosos — e penso que isso vai ser benéfico para a civilização”. Se não for possível encontrar “uma solução civilizada”, o “povo ucraniano” haverá de “encontrar uma solução não-civilizada”, rematou Zelensky.
Na visita a Bucha, o chefe de Estado da Ucrânia, que tem estado predominantemente em Kiev — capital do país que, ao 40º dia de guerra, continua sob controlo das forças ucranianas —, visitou uma estrada onde as tropas ucranianas emboscaram uma coluna militar russa e, conversando com militares e residentes locais, afirmou novamente que a Rússia está a cometer crimes de guerra e um genocídio na Ucrânia.
À televisão italiana La7, Zelensky respondeu ainda a uma pergunta sobre como será possível fazer justiça às vítimas do massacre em Bucha: “Só Deus sabe”.