Os trabalhos de remoção da baleia que morreu ao largo da praia da Fonte da Telha estão a envolver o corte do corpo do cetáceo depois de terem falhado tentativas de remoção com maquinaria pesada. A informação foi avançada à Rádio Observador por Nuno Paixão, o provedor dos animais da Câmara de Almada. A tentativa de movimentação do corpo do cachalote envolveu vários bulldozers e tratores, mas não foi possível retirar o animal. A única opção, afirmou Nuno Paixão, passa pela seção (cortes) do corpo em partes para permitir a sua remoção que é o que estava a ser feito esta manhã. Mesmo assim, acrescenta, o corte de todos os tecidos é extremamente difícil.
Para o provedor dos animais, este caso revela como a inexperiência das autoridades em lidar com a animais de grande dimensão fora de água e questionou ainda porque é que um cachalote de águas profundas deu à costa. “Não é normal”, diz.
A baleia que arrojou sexta-feira na praia da Fonte da Telha, Almada, distrito de Setúbal, morreu pelas 21:30, tendo se iniciado logo os procedimentos de remoção da carcaça, sob coordenação da Câmara Municipal de Almada”, afirmou à agência Lusa Diogo Vieira Branco.
“A Câmara Municipal de Almada é a gestora deste espaço” e é a esta entidade que “compete proceder à remoção”, referiu aquele responsável do Porto de Lisboa, acrescentando que não será “uma operação fácil”, dadas as dimensões do animal e as características do terreno. Diogo Vieira Branco admitiu que a operação, que terá de ser feita em total segurança, deverá demorar algum tempo. As operações de remoção no terreno envolverem cinco máquinas pesadas, segundo a mesma fonte.
Baleia que arrojou na Fonte da Telha deverá acabar por morrer devido aos ferimentos
Na sexta-feira, por volta das 19:00, o Instituto para a Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) já tinha admitido que o animal poderia acabar por morrer, devido aos ferimentos provocados por um possível abalroamento com uma embarcação. “Tudo indica que terá sofrido um abalroamento por uma embarcação grande e quando isso acontece, normalmente, os animais acabam por morrer – ou morrem logo pelo impacto ou, se não morrem nos instantes seguintes ao impacto, acabam por morrer mais tarde e foi o que aconteceu a este cachalote”, afirmou a bióloga do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) Marina Sequeira.
Em declarações à Lusa, a bióloga reforçou que, “quanto mais não seja pelos ferimentos que tem, um animal que sofreu um abalroamento dificilmente sobrevive”, e assegurou que, apesar dessa indicação, foram feitos todos os esforços possíveis para salvar a baleia cachalote.
“Desde logo através da atuação, em primeira mão, da Polícia Marítima enquanto o cachalote estava em águas mais profundas, ainda afastado da praia, em que tentaram com embarcações que ele não se aproximasse da praia. Tentaram conduzi-lo para zonas mais profundas, mas o animal não reagiu, portanto não foi possível afastá-lo para o largo e depois acabou por arrojar na praia”, indicou.
A Polícia Marítima foi informada por volta das 09:00 de sexta-feira da existência de uma baleia junto à praia da Fonte da Telha. Depois de a tentativa de encaminhá-la para o mar, em colaboração com o ICNF, não ter tido sucesso, o animal acabou por encalhar no areal. Em declarações à comunicação social, na sexta-feira, o provedor do Animal do município de Almada, Nuno Paixão, disse que os arrojamentos destes animais ainda vivos não são uma situação frequente, mas têm sempre uma causa — podem estar doentes ou feridos, ou devido à idade.
O ICNF irá realizar uma necropsia ao cadáver do animal, com quase 15 metros de comprimento e um peso estimado de cerca de 15 toneladas, na próxima segunda-feira.