O pai de Yegor foi o primeiro a falar. Numa rede social russa, Dmitry Shkrebets queixou-se de que ninguém lhe dizia nada: o seu filho era um dos tripulantes da embarcação Moskva, navio afundado no Mar Negro por misseis ucranianos. Do regime de Vladimir Putin — que desde logo recusou a ideia de que o navio tivesse sido afundado pelos militares ucranianos — não havia notícia sobre o destino dos tripulantes. Apenas um vídeo, com a tripulação sã e salva, mas onde apareciam cerca de cem militares, quando a tripulação era cinco vezes esse número.

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“Fui informado pelos comandantes diretos do Moskva de que o meu filho, um recruta, não está entre os mortos e os feridos, mas está listado como desaparecido. Um recruta que não deveria estar a participar das hostilidades é listado como desaparecido. Ele desapareceu em alto mar?!!!”, escreveu o pai na rede Vkontakte, publicação que acabaria por apagada. Dmitry Shkrebets é defensor da guerra na Ucrânia, invadida pela Rússia a 24 de fevereiro, e das políticas do Presidente Vladimir Putin.

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A 15 de abril, publicava uma foto com um filho e escrevia sobre “o país que não devia existir”, a Ucrânia.

De volta às redes sociais, Dmitry Shkrebets contou que três outras famílias russas — de Yalta, de Alupka e de São Petersburgo — entraram em contacto consigo, com histórias semelhantes. “Os seus filhos – mais recrutas – também estão desaparecidos.”

Desde então, vários jornais têm procurado desvendar o paradeiro dos tripulantes, como o Meduza. A morte do oficial Ivan Vakhrushev foi confirmada pela sua mulher à Radio Liberty e a do marinheiro de primeira classe Vitaly Begersky pela sua prima Anastasia ao Agentstvo.

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Já na Crimeia, foi a história de Andrey, 19 anos, que viu a luz do dia. A sua mãe, Yulia Tsyvova confirmou à BBC Rússia que o nome dos seu filho está na lista dos tripulantes do Moskva que ainda estão desaparecidos.

De regresso às redes sociais, no Vkontakte, Ulyana Tarasova garante que o seu filho Mark “desapareceu a bordo do cruzador Moskva”, informação confirmada pelo Agentsvo. Já Anna Syromyasova, da região de Sverdlovsk, chora o filho desaparecido no Moskva, sem saber que destino teve. “Não há listas. Nós é que andamos à procura deles. Eles não nos dizem nada”, disse a mãe ao Meduza.

Para além das famílias, a dúvida sobre o que se passou com o navio chegou à televisão estatal. Vladimir Solovyov — que viu uma das suas casas arrestadas em Itália ser incendiada por ser apoiante de Putin — exaltou-se a falar do tema.

“Como diabos perdemos Moskva?”, perguntou num programa em horário nobre, questionando o que o navio fazia ali e como foi possível, por exemplo, os sistemas anti-incêndio não terem funcionado. “Estou furioso com o que aconteceu.”