O candidato à liderança do PSD, Luís Montenegro, comparou esta terça-feira a ida de João Leão para o ISCTE à ida de Mário Centeno para o Banco de Portugal. Numa reação a um artigo do Observador que explica todo o caso da ida do antigo ministro da Finanças para vice-reitor daquela instituição, o antigo líder parlamentar do PSD diz que as saídas destes dois governantes com a pasta das Finanças para cargos públicos “não são coincidências”, mas sim “um padrão de comportamento“.

Numa mensagem na sua página de Twitter, Luís Montenegro denuncia ainda que a “rede socialista está a espalhar os seus tentáculos por todo o lado.” E conclui: “Isto não pode continuar…!”.

Depois do jornal Público ter noticiado que o antigo ministro das Finanças, João Leão, tinha ido gerir um projeto que era financiado diretamente pelo Orçamento do Estado, sabem-se agora novos detalhes da ida do responsável das Finanças para o ISCTE. Tratam-se de 5,2 milhões de euros de contrapartida nacional de um projeto que é também financiado por fundos europeus.

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João Leão foi convidado para o cargo de vice-reitor quando ainda estava em funções, a 28 de março, dois dias antes de terminar o seu mandato. Apesar de o antigo ministro negar ter dado qualquer autorização direta, uma secretaria de Estado da sua dependência, a do Orçamento, teve de dar uma autorização para que o o processo avançasse e o ISCTE pudesse assumir encargos plurianuais e receber o dinheiro.

Projeto do ISCTE teve autorização das Finanças. Leão foi convidado em funções. Sete respostas sobre a ida do ex-ministro para vice-reitor

O vice-presidente da Comissão de Orçamento e Finanças, Hugo Carneiro, também já havia dito, na segunda-feira, no Semáforo Político da Rádio Observador, o que o “caricato” nesta história era a verba não ser proveniente do ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, mas sim vir das Finanças. Por isso, diz o deputado do PSD, o caso deve “causar estranheza” e deve “ser averiguado se não há aqui algum tipo de incompatibilidade”.

João Leão. “À mulher de César não basta ser, deve parecer”

O também secretário-geral adjunto da direção de Rui Rio, no PSD, admitia também que o grupo parlamentar venha a “questionar o Governo” sobre o assunto e “aceder a documentação que esteve na base da atribuição deste valor ao ISCTE”. Hugo Carneiro disse ainda que “à mulher de César não basta ser, deve parecer”.