A perspetiva de diferentes objetivos até ao final da temporada, os muitos pontos de distância entre ambos, os momentos que as equipas e os próprios clubes atravessam, uma questão histórica que podia ficar resolvida” esta época. Em condições normais, um Liverpool-Manchester United seria daqueles duelos de tripla onde o melhor era avançar com prognósticos apenas no final do encontro. Ainda assim, e mesmo tratando-se das duas equipas com mais títulos em Inglaterra (e com os reds a poderem igualar de novo o seu rival, depois da ultrapassagem na era Alex Ferguson), estão hoje em patamares distintos com um único ponto em comum: a necessidade de ganhar para manter intactas as possibilidades de atingirem as metas na Premier League. E esse era o ponto que deixava Jürgen Klopp em alerta no reencontro com Ralf Rangnick.
“Se deixarmos que o United faça tudo aquilo que pretende, eles vão causar-nos muitos problemas. Temos de estar com o espírito certo, as pessoas têm de estar com o espírito certo para ficarem prontas para aquilo que será uma batalha pelos três pontos e não para mostrar que estamos melhores do que o United. Isso não é algo que interesse. Há sempre momentos em que uns estão melhores do que outros. Temos de mostrar atitude pela vitória, temos de estar dispostos a tudo por esse objetivo. Não vamos jogar contra uma equipa que tem problemas, vamos jogar contra o Manchester United”, destacara o alemão, tentando centrar de novo o foco depois do triunfo frente ao Manchester City que valeu a passagem à final da Taça de Inglaterra.
“Conhecemo-nos há muito tempo e tem feito um trabalho sublime no Liverpool. Não só na equipa em si mas todo o clube deu o salto para um nível diferente com ele. É, sem dúvida, um dos melhores treinadores do mundo, se não o melhor. Não é coincidência o Liverpool estar como está, houve um trabalho de reconstrução, contrataram os jogadores certos para a ideia do treinador. Construíram uma grande equipa e é por isso que estão onde estão mas isto o Klopp também já tinha feito no Mainz e no B. Dortmund”, dizia Rangnick, entre uma pequena alfinetada na rivalidade histórica perante o atual momento que o Manchester United atravessa: “Imagino que não ficaremos 30 anos sem ganhar o título [como aconteceu com o Liverpool entre 1990 e 2020] porque me parece bastante óbvio. que terá de acontecer a nível de mudanças”.
Estavam reunidas as condições para mais um grande jogo de Premier, com essa nuance de o agora técnico do United reencontram seis jogadores com quem já tinha trabalhado na Alemanha ou por ligação do grupo Red Bull, casos de Firmino, Matip, Mané, Naby Keita, Konaté e Minamino. No entanto, foi sobretudo de um nome que se falou na antecâmara e pelas piores razões. E foi isso que esteve na génese de mais um momento onde o futebol saltou qualquer barreira de rivalidade, com os adeptos do Liverpool a guardarem um minuto de aplausos aos 7′ em memória do bebé do ausente Cristiano Ronaldo que morreu na véspera. Dizer que foi arrepiante torna-se curto para descrever os 60 segundos em que Anfield se levantou para bater palmas (Jürgen Klopp também se associou), cantar pelo português e e dizer em uníssono You’ll Never Walk Alone.
Foi um minuto que ficará para a história num jogo de 90 minutos que pouca ou nenhuma história teve. O 4-0 final, que até pecou por escasso pelo que aconteceu, mostra bem a diferença atual entre os dois conjuntos, num conjunto de 9-0 nas duas partidas realizadas esta época depois do 5-0 em Old Trafford. E, com isso, o Liverpool subiu à condição ao primeiro lugar da Premier com mais um jogo do que o Manchester City.
E o posicionamento médio com bola dos jogadores do Manchester United findos os 90 minutos? ????????????#LIVMUN #EPL pic.twitter.com/hPrz5EjwcO
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Arriscando uma linha de três centrais com Lindelöf, Phil Jones e Maguire (Varane também está lesionado), Ralf Rangnick quase que colocou a equipa ainda mais a jeito para ser “atropelada” numa primeira parte onde o Manchester United passou a meia hora inicial sem um único remate à baliza e com apenas 24% de posse perante um Liverpool esmagador: Luis Díaz inaugurou o marcador concluindo ao segundo poste um lance fantástico que teve Sadio Mané a lançar Salah na profundidade para a assistência (5′), Salah aumentou após mais uma grande jogada com assistência de Mané (22′) e Luis Díaz viu ainda mais um golo anulado por fora de jogo na recarga a um primeiro remate (36′). O 2-0 ao intervalo acabava por ser um resultado curto.
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No segundo tempo, Jadon Sancho tentou ainda esboçar uma reação (na primeira parte já tinha entrado nos minutos iniciais Lingaard para o lugar do lesionado Pogba), fez o primeiro remate ainda que fraco à baliza, esteve na única oportunidade de golo do Manchester United em toda a partida mas viu depois o Liverpool chegar à goleada com mais umas acelerações das unidades ofensivas, primeiro com Luis Díaz a assistir Mané para o 3-0 na área (68′) e depois com Diogo Jota a dar a oportunidade a Salah de bisar para o 4-0 (85′). E o final do jogo foi marcado pelas faltas sem sentido dos jogadores visitantes do que pelo futebol, num encontro onde nunca os red devils conseguiram sequer chegar aos 30% de posse de bola…
Sim, o Liverpool terminou com mais golos do que faltas…#EPL #LIVMUN pic.twitter.com/NgXwoEXmoG
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