A organização Human Rights Watch divulgou, esta quinta-feira, um relatório sobre a situação em Bucha, em que fala de “um rol de aparentes crimes de guerra” durante a ocupação da cidade, que fica a cerca de 30 quilómetros de Kiev.

Os investigadores desta ONG estiveram em Bucha de 4 a 10 de abril, depois de as forças russas terem abandonado a cidade. Aqui “encontraram extensas provas de execuções sumárias, outras mortes ilegais, desaparecimentos forçados, e tortura, todos constituem crimes de guerra e potenciais crimes contra a humanidade”, pode ler-se no relatório intitulado “Ucrânia: O rasto de morte das forças russas em Bucha”.

“Quase todos os cantos em Bucha são agora um cenário de crime e parecia que a morte estava em todo o lado. As provas indicam que as forças russas que ocuparam Bucha revelaram desprezo e desconsideração pela vida de civis e pelos princípios mais fundamentais das leis da guerra”, disse Richard Weir, investigador de crises e conflitos da Human Rights Watch.

A ONG entrevistou 32 pessoas em Bucha, além de outras cinco entrevistas telefónicas, incluindo vítimas e testemunhas, trabalhadores dos serviços de emergência, funcionários da morgue, médicos, uma enfermeira e dirigentes locais. Foram também analisadas fotografias e vídeos disponibilizados por testemunhas e vítimas e, ainda, imagens de satélite.

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A Human Rights Watch diz que estes casos documentados “representam uma fração dos aparentes crimes de guerra das forças russas em Bucha durante a ocupação da cidade”.

A ONG cita o procurador regional de Bucha, Ruslan Kravchenko, que revelou, a 15 de abril, a existência de 278 corpos na cidade, um número que acreditava vir a subir à medida que as buscas decorriam.

O relatório cita também o responsável pela funerária municipal de Bucha, que conta como, durante a ocupação russa, a sua equipa colocou dezenas de corpos em valas comuns no exterior das igrejas de St. Andrew e Todos os Santos, depois de terem ficado sem espaço na morgue. Apenas dois desses corpos eram de soldados, os restantes eram todos civis. Até 14 de abril, foram exumados mais de 70 corpos desta área.

A Human Rights Watch falou com um trabalhador de outra funerária que diz ter recolhido pessoalmente cerca de 200 corpos das ruas de Bucha, incluindo de mulheres e crianças. A maioria dos corpos tinham marcas de balas, e cerca de 50 tinham aos mãos atadas e sinais de tortura.