O secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, visitará Moscovo, na Federação Russa, no dia 26 de abril, onde irá encontrar-se com o Presidente russo, Vladimir Putin.

Segundo nota enviada pelas Nações Unidas, Guterres terá em Moscovo uma reunião de trabalho e um almoço com o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, e será recebido pelo Presidente Vladimir Putin.

A confirmação da visita surge após um pedido feito na terça-feira passada pelo próprio secretário-geral, que, através de uma carta entregue à Missão Permanente da Federação Russa nas Nações Unidas, pediu para ser recebido por Putin.

Além da Rússia, Guterres pediu também que o chefe de Estado ucraniano, Volodymyr Zelensky, o receba em Kiev, mas ainda não foi informado se esse encontro acontecerá.

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“O secretário-geral disse que, neste momento de grande perigo e consequências, gostaria de discutir medidas urgentes para trazer a paz à Ucrânia e o futuro do multilateralismo com base na Carta das Nações Unidas e no direito internacional”, disse na quarta-feira o porta-voz do secretário-geral, Stéphane Dujarric, observando que tanto a Ucrânia, quanto a Rússia, são membros fundadores das Nações Unidas e “sempre foram fortes apoiantes desta Organização”.

A viagem de Guterres à Rússia acontece num momento em que o secretário-geral da ONU está a ser duramente criticado pela sua alegada passividade em tomar medidas concretas para travar a guerra na Ucrânia.

Esta semana, mais de 200 antigos dirigentes da ONU dirigiram uma carta a António Guterres, com um apelo para que seja mais proativo em relação a esse conflito.

Os signatários alertaram que, a menos que Guterres atue de forma mais pessoal para assumir a liderança na tentativa de mediar a paz na Ucrânia, as Nações Unidas arriscam não apenas a irrelevância, mas a sua existência continuada.

Os ex-funcionários, incluindo muitos ex-subsecretários da ONU, pediram que o atual secretário-geral se prepare para assumir riscos pessoais para garantir a paz, dizendo que as Nações Unidas enfrentam uma ameaça existencial devido à invasão da Ucrânia por um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança.

Contudo, essa visão foi contestada por Stéphane Dujarric, que afirmou na quarta-feira que o secretário-geral tem feito apelos pelo “silenciar das armas, tem estado diretamente envolvido nas tentativas de obter pausas humanitárias (…), e fez um apelo emocional direto ao Presidente da Rússia”, salientando que estas ações fazem parte do envolvimento de Guterres desde que o conflito começou.

Ainda esta semana, o secretário-geral da ONU propôs à Rússia e à Ucrânia que declarassem uma “trégua de Páscoa” de quatro dias (referindo-se à Páscoa ortodoxa).

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A Ucrânia apoiou a iniciativa de declarar uma “pausa humanitária” e assim ajudar a retirar civis das áreas mais afetadas pelos combates.

Contudo, as milícias pró-Rússia na região de Donbass duvidam da eficácia da medida e acusaram Kiev de quebrar tréguas anteriores, durante os oito anos de conflito na região.

A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que já matou mais de dois mil civis, segundo dados da ONU, que alerta para a probabilidade de o número real ser muito maior.

A ofensiva militar causou já a fuga de mais de 12 milhões de pessoas, mais de cinco milhões das quais para fora do país, de acordo com os mais recentes dados da ONU – a pior crise de refugiados na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).