Milhares de civis e cerca de 500 soldados feridos precisam de “retirada imediata” de Mariupol, cidade ucraniana destruída pelas forças russas, disse esta sexta-feira à agência Lusa a embaixadora da Ucrânia em Portugal, Inna Ohnivets.
Em entrevista à Lusa, que será divulgada no domingo, a diplomata advertiu que não se sabe o número exato de mortos em Mariupol e lembrou que as autoridades ucranianas têm repetidamente apelado à Rússia, “com uma proposta para organizar corredores humanitários”, com vista à retirada dos civis e dos soldados ucranianos feridos na cidade portuária, considerada estratégica pela Rússia.
Tanto o Presidente da Turquia, Recep Erdogan, como o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, envolveram-se na criação de corredores humanitários e numa tentativa de trégua por ocasião da Semana Santa da Páscoa ortodoxa, mas as autoridades russas “não apoiaram as iniciativas”, disse.
“As mulheres, as crianças e as pessoas idosas, atualmente não podem receber água, nem comida, nem cuidados médicos”, lamentou a embaixadora, acrescentando que há pessoas a viver “ao lado dos corpos dos parentes falecidos”, em casas destruídas, “em condições desumanas”.
“Isto significa uma crise humanitária nesta cidade. Não sabemos o número exato de mortos, defensores desta cidade ucraniana“, advertiu Inna Ohnivets.
A embaixadora destacou que depois das “atrocidades cometidas pelas tropas russas” noutras regiões da Ucrânia é preciso falar sobre um “genocídio do povo ucraniano”.
“De facto, não acreditamos que isso fosse possível, esta guerra sangrenta e injusta contra a Ucrânia”, assumiu a embaixadora durante uma entrevista à agência Lusa, que será divulgada no domingo, dia em que se completam dois meses sobre o início do conflito.
A guerra na Ucrânia teve início a 24 de fevereiro, com a invasão determinada pelo Presidente russo, Vladimir Putin, que classificou a ofensiva como uma operação militar especial destinada a “libertar” a Ucrânia da presença de nazis.