O Chega está a avaliar a possibilidade de compra ou arrendamento da sede do CDS, no Largo do Caldas, em Lisboa. O edifício pertence ao Patriarcado de Lisboa e a proposta surge depois de os democratas-cristãos terem perdido a representação parlamentar e de o Chega se ter tornado a terceira força política. O partido de André Ventura oferece sete milhões de euros ao Patriarcado pelo edifício.

Fonte do Chega explicou ao Observador que foi feita uma análise por parte dos contabilistas e advogados do partido sobre as várias possibilidades que estão em cima da mesa e seguirá, esta segunda-feira, um pedido de reunião para o Patriarcado de Lisboa, o senhorio do local.

O partido está disposto a pagar até sete milhões de euros no caso de compra do edifício e cinco mil euros por mês para o arrendamento do espaço. De acordo com a CNN, o partido espera, de seguida, que o senhorio do edifício indique valores de referência e modalidades de pagamento.

Neste momento, a sede do partido situa-se na Rua Miguel Lupi, em Lisboa, um pequeno apartamento perto da Assembleia da República, mas o Chega — que passou a terceira força política nacional — ambiciona uma das mais históricas sedes partidárias do país.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Já depois das eleições, o Chega ficou com a sala que pertencia ao CDS no Parlamento. Foi praticamente troca por troca: o partido histórico da democracia portuguesa perdeu toda a representação parlamentar (os cinco deputados eleitos em 2019) e o partido fundado em 2019 por Ventura ficou com a sala para integrar os membros do Chega que passaram a fazer companhia ao líder, até àquela altura deputado único.

Chega ocupa lugar do CDS, IL fica com uma sala do BE. Deputados em mudanças forçadas

A sede que o CDS não terá dinheiro para pagar

O histórico edifício situado Largo do Caldas, no centro de Lisboa, é um palacete com quatro pisos, anexos e um pátio. O Patriarcado de Lisboa, dono do edifício, já recebeu várias propostas de aquisição. Porém, o prédio tem-se mantido nas mãos do CDS devido a um acordo a três entre o partido, a Igreja Católica e a Câmara Municipal de Lisboa (que tomou posse administrativa do edifício para forçar a execução de obras consideradas necessárias e que os democratas-cristãos não tinham condições para realizar).

Após as obras, o CDS passou a pagar a renda (de cerca de 1.200 euros mensais) à autarquia, até que esta recupere o dinheiro investido no edifício. Com este valor de renda, o pagamento das obras à câmara demoraria cerca de 200 anos.

Depois de ter perdido a representação parlamentar nas últimas eleições legislativas, o CDS ficou numa situação financeira (ainda) mais difícil. Por ter passado a barreira dos 50 mil votos continua a receber uma subvenção, mas consideravelmente inferior ao valor que recebia até agora: cerca de 20 mil euros mensais, segundo noticiou o Expresso.

O partido agora liderado por Nuno Melo tem atualmente uma dívida de cerca de 700 mil euros e, com as receitas regulares significativamente reduzidas, o partido poderá ter de se voltar para a venda do património, incluindo algumas das suas sedes espalhadas pelo país, além de um muito provável abandono do Largo do Caldas.

Nuno Melo, numa entrevista ao jornal i, um dia antes de ser eleito presidente do CDS, admitiu que a primeira coisa a fazer seria “conhecer ao pormenor as contas do CDS”, antes de “antecipar quaisquer medidas”. O eurodeputado referiu que o CDS tem “hoje receitas para metade das suas despesas”, o que significa estar numa “situação de pre-falência”.