Ao contrário da esmagadora maioria dos CEO de construtores de automóveis, que são gestores mas meros empregados, Elon Musk gere e domina a Tesla, empresa de que é o maior accionista, com cerca de 20%. Musk tem realizado apostas tão ousadas à frente do fabricante de veículos eléctricos que, por vezes, até alguns accionistas de referência duvidaram. Enganaram-se: fruto de um acordo de 2018, em que a administração pensava poupar uns largos milhões nos ordenados do CEO, Elon Musk já recebeu 93,9 milhões de acções, que hoje valem 86,8 mil milhões de dólares. O último prémio de 25,3 milhões em títulos foi-lhe atribuído na passada semana, com o anúncio dos valores recorde do 1º trimestre de 2022. E os especialistas garantem que novos prémios se irão seguir nos próximos trimestres, provavelmente superiores.
Em 2018, Elon Musk apresentou à administração o seu plano para os próximos anos, o qual incluía o Model Y (o Model 3 já estava no mercado, ainda que com algumas dificuldades em acelerar o ritmo da produção), o restyling dos Model S e X, além da Cybertruck, Roadster e Semi. Além dos novos modelos, os investimentos eram colossais, com ampliação da rede de Superchargers e reforço das Gigafactories (duplicação de Xangai e novas fábricas em Berlim e Texas). Musk prometia este mundo e o outro, mas alguns accionistas tinham dúvidas. Sobretudo, porque o Model 3 estava com dificuldades em superar os problemas na produção.
Para mostrar a sua convicção na capacidade de ultrapassar as dificuldades e implementar a estratégia que definiu, Musk propôs que não recebesse qualquer salário durante 10 anos, a menos que a Tesla se valorizasse consideravelmente.
A proposta de Musk implicava trabalhar à borla e não receber prémios por objectivos, até que o valor em bolsa da Tesla superasse 100 mil milhões de dólares, isto quando em Agosto de 2020 rondava 60 mil milhões. Entre 2010 e 2020, as acções subiram lentamente de 3,81 para 88 dólares, ano em que o valor começou a subir rumo a 1000 dólares por título – hoje encerrou a 990$. Isto mesmo depois de, em 2020, ter sido realizado um split de 5 por 1, o que teoricamente dividiu por cinco o preço por acção.
O CEO estimou mesmo que o valor da empresa ultrapassaria os 650 mil milhões nos 10 anos seguintes, o que deve ter feito sorrir os colegas de Musk na administração, que prontamente assinaram um acordo que determinava que o CEO receberia um prémio chorudo em acções da empresa, por cada trimestre em que o valor da Tesla desse um salto superior a 50 mil milhões de dólares.
De acordo com a Forbes, o 6.º homem mais rico do mundo é Warren Buffett (da Berkshire Hathaway), com uma fortuna avaliada em 121,7 mil milhões de dólares, seguido do empresário indiano Gautam Adani (123,7 mil milhões), de Bill Gates (Microsoft/130,2 mil milhões), Bernard Arnault (Louis Vuitton Moët Hennessy/167,9 mil milhões) e Jeff Bezos (Amazon/170,2 mil milhões), que surge na 2.ª posição. O líder continua a ser Elon Musk, agora ainda mais distante, com 269,7 mil milhões de dólares.
