“Eu não podia permanecer na Rússia. Sou ucraniano por nacionalidade, nasci em Okhtyrka, não podia ficar simplesmente a observar o que a Rússia está a fazer com a minha pátria.” Estas palavras são de Igor Volobuev, ex-vice presidente do Gazprombank — um dos maiores bancos estatais russos e para o qual trabalhou durante mais de 30 anos —, que abandonou em março Moscovo, estando agora a lutar ao lado dos soldados ucranianos.
Numa entrevista ao órgão independente The Moscow Times, Igor Volobuev manifesta “arrependimento” por ter passado tanto tempo na Rússia, realçando que quer “apagar o seu passado russo”: “Quero ficar na Ucrânia até à vitória”. E explica porquê: “Os russos estavam a tentar matar o meu pai, os meus conhecidos e amigos próximos. O meu pai morou um mês num bunker e as pessoas que eu conhecia desde a infância diziam que tinham vergonha de mim”.
Culpabilizando Vladimir Putin pela invasão, Igor Volobuev fala num “crime” por parte do Presidente russo e do seu governo. Ressalva, contudo, que a culpa também incide sobre o “povo russo”. “Não é Putin quem mata os ucranianos, quem viola as mulheres. Quem faz isso é o povo russo”, salienta. “Embora ucraniano por nacionalidade, também sou responsável por isso”, lamenta.
O ex-vice presidente do Gazprombank também abordou a questão dos suicídios de alguns oligarcas russos (e em alguns casos as suas famílias). “Não acredito que foram suicídios”, assume, afirmando que as mesmas foram “encenações”, porque estes responsáveis “sabiam demasiado” de alguns assuntos que não convinham ao Kremlin.