Começa a aquecer a luta pela sucessão de Rui Rio. Depois de Jorge Moreira da Silva se ter demarcado de Luís Montenegro no caso da autarquia de Setúbal, e já depois de os dois terem trocado argumentos sobre a relação que o PSD deve ter com o Chega, foi a vez de o antigo líder parlamentar retaliar.

Num texto publicado no Twitter, e que acompanha a notícia avançada pelo Observador de que o PCP recusa participar numa reunião com deputados ucranianos, Luís Montenegro aproveitou para provocar o seu rival. “Se a oposição perdoar a atitude do parceiro de Governo do PS para pretensamente ‘não politizar a guerra’ vamos por mau caminho. Isto é imperdoável!”.

Ora, a expressão “não politizar a guerra” foi, precisamente, aquela utilizada por Jorge Moreira da Silva para se demarcar do seu adversário na corrida à liderança do PSD.

“Claro que estes episódios são lamentáveis e têm que ter um esclarecimento cabal, mas não contem comigo para partidarizar e politizar um tema que é demasiado sério. Insisto, não instrumentalizemos a guerra na Ucrânia. Acho que os portugueses, a última coisa que querem é a politização de uma tragédia”, afirmou o antigo ministro de Pedro Passos Coelho.

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Horas antes, Montenegro tinha defendido exatamente o oposto. “Se for verdade, que há informação sobre os refugiados que vieram para Portugal e sobre as suas famílias que se mantiveram na Ucrânia e que essa informação possa ter sido conduzida para o poder da Federação Russa isso é inaceitável e tem de ter consequências e responsabilizações políticas”, argumentou.

Tal como explicava o Observador, o grupo parlamentar do PCP não vai participar na reunião por videoconferência que juntará deputados portugueses e ucranianos, na próxima terça-feira. O partido confirmou ao Observador que não irá estar presente, uma informação que também foi transmitida aos grupos parlamentares pelos serviços do Parlamento.

Em resposta, fonte oficial do PCP na Assembleia da República confirma apenas que os deputados do partido “não vão participar” na sessão que juntará as comissões de Negócios Estrangeiros e Assuntos Europeus e que ficou marcada na semana passada por acordo de quase todos os partidos — menos, precisamente, do PCP, que votou contra.

PCP recusa participar em reunião com deputados ucranianos