Enquadrou os dois remates, ganhou todos os duelos pelo ar, teve uma eficácia de 92% em 75 passes, tocou 87 vezes na bola, ganhou cinco duelos, criou uma chance flagrante, fez um golo (numa grande penalidade que o próprio ganhou). Cristiano Ronaldo na ficha dos marcadores de um jogo não é propriamente recente. Foram seis golos nos últimos quatro encontros, foram nove golos nos últimos seis encontros. No entanto, fosse pela possibilidade de sair mais do que é habitual da zona mais central do ataque, fosse pela incorporação de Juan Mata na equipa inicial, o português estava bem mais feliz a jogar do que já se viu esta época (e várias vezes), terminando com uma das exibições mais completas desde que voltou ao Manchester United mesmo não tendo feito um hat-trick como aconteceu com o Tottenham e com o Norwich (ambos 3-2).

Ronaldo voltou a ser feliz, marcou sexto golo em quatro jogos e United ganhou. Mas terá sido a despedida de Old Trafford?

Com isso, e também para não variar, o português conseguiu consolidar dois recordes que já lhe pertenciam. Por um lado, e ao fazer o então 2-0 no triunfo frente ao Brentford (3-0), Ronaldo conseguiu marcar à 168.ª equipa diferente desde 2003, entre clubes e seleções. Por outro, e depois de ter chegado aos 100 golos na Premier League contra o Arsenal (algo que apenas Wayne Rooney, Paul Scholes e Ryan Giggs tinham feito até aqui), o avançado aumentou para 813 o número total de golos marcados entre clubes e Seleção.

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Com isso, Ronaldo tornou-se também o jogador com mais golos em jogos em casa esta época na Premier League (ocupa a terceira posição no total, atrás de Salah e Son), chegando a um outro dado muito focado pela imprensa inglesa: chegou ao 18.º golo no Campeonato neste regresso 13 anos depois, tantos como tinha marcado na última temporada pelo Manchester United antes de rumar ao Real Madrid, no verão de 2009.

Matic e Juan Mata foram dois dos jogadores mais focados pela câmara no final do último encontro no Teatro dos Sonhos esta época, por serem, a par de Cavani, dois jogadores que não irão permanecer para 2022/23. Ainda assim, o principal destaque voltou a ser Cristiano Ronaldo, que se juntou à equipa na habitual volta olímpica feita no final de cada temporada. Bateu palmas, sorriu muito, teve uma frase que rapidamente se tornou vital quando disse “I’m not finished” entre gargalhadas para a câmara. No entanto, e apesar de alguns verem nessa ideia uma garantia de que vai cumprir o último ano de contrato, a dúvida se terá sido ou não o último encontro em Old Trafford continua por desfazer. E com um ponto contra essa possibilidade.

Em caso de vitória num dos quatro encontros ainda a realizar na Premier League, o Arsenal garante de forma automática que termina à frente do Manchester United, acabando de vez com as poucas esperanças num apuramento para a próxima Liga dos Campeões (a Liga Europa depois da vitória com o Brentford parece quase certa). Esse é um ponto transversal na carreira do português desde que saiu de Alvalade, em 2003: disputou sempre a principal prova europeia de clubes. E nem Ralf Rangnick assegurou, antes do encontro desta segunda-feira, a continuidade do português na nova era que vai começar com Erik ten Hag.

“Futuro de Ronaldo? Isso é algo que devemos falar entre Erik [ten Hag], a Direção e eu. Cristiano tem mais um ano de contrato. Também é importante descobrir o que ele quer, se ele quer ficar. Mas ainda não falei com o Erik. No final, é decisão de Erik e também do Cris. Não me cabe a mim falar sobre isso. Hoje, por exemplo, a atuação dele foi muito boa. Mostrou um bom desempenho quando o Chelsea estava com posse de bola. Ajudou muito na segunda parte a nível defensivo. Ele mostrou que ainda pode ser uma parte vital da equipa mas é óbvio que a equipa precisa de mais avançados. Não acho que seja suficiente fazer pequenas correções, é importante ver o quadro geral e, com sorte, trazer os melhores jogadores possíveis. Foi o que quis dizer quando falei em ‘operação de coração aberto'”, assumiu na semana passada.