A EDP anunciou um resultado trimestral negativo de 76 milhões de euros, o que compara com lucros de 180 milhões de euros no mesmo período do ano passado. Para estes prejuízos trimestrais, quase inéditos desde que a empresa foi para a bolsa nos ano de 1990 do século passado, contribuíram sobretudo dois fatores. A seca extrema que afetou a produção hídrica no primeiro trimestre no mercado ibérico e os custos da eletricidade comprada no mercado grossista para abastecer os clientes.

A EDP diz que não repercutiu ainda na carteira dos clientes os custos acrescidos de comprar energia no mercado, muito inflacionado pelo preço do gás, cujas cotações subiram ainda mais após a invasão da Ucrânia pela Rússia. As elétricas portuguesas vendem grande parte da sua energia a preços fixos em contratos de um ano (no caso das famílias), e numa primeira fase, tiveram de assumir uma parte dos custos resultantes do aumento dos preços — que subiram 400% para 229 euros por MWh face ao mesmo período do ano passado — que não conseguiram passar para os clientes.

A elétrica anunciou em março uma subida dos preços de 3%, em linha com a revisão extraordinária das tarifas reguladas. E terá também revisto os contratos para empresas. Foram entretanto anunciadas medidas em Portugal e Espanha para baixar os preços do mercado grossista.

A seca, com o inverno mais seco dos últimos 90 anos, levaram a um “défice recorde da produção hídrica da EDP no mercado ibérico face à media histórica”. A falta de água nas barragens levou as autoridades portuguesas a suspender em fevereiro a produção hidroelétrica em cinco barragens exploradas pela elétrica cuja produção continua condicionada.

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Seca agrava-se e suspensão da produção em 5 barragens da EDP deve manter-se até ao final do verão

O EBITDA (margem bruta) da EDP nos primeiros três meses do ano “apresentou uma queda de 18% para 710 milhões de euros “com as perdas associadas ao elevado défice hídrico na Península Ibérica a serem apenas parcialmente compensadas pelo desempenho positivo das restantes áreas de negócio”.

Para além das renováveis onde o EBITDA da EDP Renováveis cresceu 46% para 394 milhões de euros, a elétrica destaca o aumento “significativo do recurso à produção térmica (gás natural em Portugal e gás e carvão em Espanha) de 160%, que permitiu mitigar as perdas associadas ao défice hídrico.

A EDP sinaliza que para o ano de 2022 “é esperado que a perda registada com o défice hídrico seja compensada pelo bom desempenho de outros segmentos de negócio da EDP, incluindo a EDP Renováveis, EDP Brasil, redes ibéricas e mais produção térmica”.