A memória da princesa Diana está sempre presente quando se fala na família real, principalmente quando o tema é o conflito com os duques de Sussex. Numa nova entrevista, Tina Brown lembra que Diana se tornou uma superestrela depois de trabalhar muito quando fez parte da realeza e que a sua celebridade global foi consequência do carisma que emprestou às causas e da difícil vida pessoal.

A jornalista e editora foi entrevistada pela apresentadora Lorraine Kelly num programa da televisão britânica ITV, esta quarta-feira, e o tema principal foi o casal Sussex, em especial Meghan. Essencialmente, para a autora, a duquesa “não percebeu” o seu papel na monarquia e não gostou de ter que suprimir as suas próprias ideias enquanto representava a família real. “Não é como ela via o seu papel, o mundo, ela não percebia o objetivo dele e, para ela, sim, ela era um grande sucesso, mas não era algo que ela quisesse fazer.” E afirma que, com Meghan, a família real se viu novamente numa espécie de jogo de forças entre a realeza e a celebridade, um problema do qual a Casa Real fugia desde a princesa Diana. Por esse motivo, justifica, os Sussex “são uma ferida aberta da Monarquia”.

“Acho que esse foi o seu senso fundamental de incompreensão do que se iria passar quando ela se juntou à família real – ela viu os palácios e Diana como esta superestrela humanitária global, mas esqueceu-se que durante 16 ou 17 anos Diana trabalhou como um cão dentro da família real a fazer muitas tarefas monótonas.”

Esta foi mais uma das várias entrevistas que Tina Brown tem dado a diferentes meios na sequência do lançamento do seu novo livro “The Palace Papers – Inside the House of Windsor, the Truth and the Turmoil” (editora Penguin), que está a venda desde 26 de abril. É uma viagem pela vida da família real britânica ao longo duas décadas mais recentes e toca, por isso, vários temas sensíveis, como por exemplo o Meghxit e o escândalo do príncipe André.

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A princesa Diana tinha um talento natural para o seu trabalho humanitário e interessava-se realmente pelas causas que abraçava, isso é inquestionável. “Foi o seu carisma que ela levou para o trabalho que a tornou tão extraordinária e especial”, defende Tina Brown, recordando ainda a trágica história de vida que o mundo acompanhou. “O marido dela não estava apaixonado por ela, isso foi um sofrimento para ela. Ela fez o melhor que pode: pegou nesse sofrimento e tornou-o no seu trabalho extraordinário, que era real e importante”.

A autora acrescenta que “Diana foi sempre um elemento de mudança interna” e que a mãe de William e Harry “não deixou a família real porque disse ‘eu estou fora’, ela divorciou-se”.  Quando a separação se tornou oficial, “tornou-se uma figura ainda mais global, não porque ela quisesse, mas porque era só isso que ela podia ser, uma vez que já não podia estar na família real, explica.

A conversa foi curta, mas Tina Brown falou ainda do príncipe André e disse que a rainha teve de “cancelar o próprio filho e isso é uma coisa dura de se fazer” e que Carlos “será um ótimo monarca de transição”.

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Tina Brown tem uma longa e prestigiada carreira na comunicação social e sempre acompanhou a vida da família real. Ainda no Reino Unido foi editora da revista Tatler aos 25 anos de idade (uma revista feminina focada na alta sociedade) e depois partiu para os Estados Unidos, mais precisamente para Nova Iorque, onde revitalizou a revista Vanity Fair e a tornou numa referência. É possível saber um pouco sobre como o conseguiu através do livro “The Vanity Fair Diaries”, a publicação dos seus diários. Depois foi editora da revista The New Yorker, fundou o jornal Daily Beast e passou pela revista Newsweek. Pelo meio investigou a família real, acompanhou de perto toda a vida da princesa Diana desde o noivado real e escreveu até uma extensa biografia, “The Diana Chronicles”.