Investigadores da Universidade de Farmácia de Medway conseguiram isolar pela primeira vez o vírus Lloviu (LLOV), um parente próximo do vírus Ébola descoberto em Espanha, realçando a necessidade de mais investigação para preparar uma possível pandemia.
O LLOV faz parte do grupo de filovírus — que incluem o Ébola e o vírus Marburg, sendo que estes dois apenas ocorreram de forma natural em África. O vírus Lloviu, no entanto, é o primeiro deste género registado na Europa e deve o seu nome à localidade em Espanha. Em 2022, foi encontrado em morcegos mortos dentro de uma caverna espanhola. Mais tarde, também foi detetado em morcegos na Hungria.
Este é um vírus com a capacidade de zoonose, ou seja, segundo a Universidade de Lisboa, capaz de se transmitir de animais para seres humanos. Além disso, os morcegos são “o reservatório animal preferencial destes tipos de vírus emergentes“.
A infeção nos humanos ocorre por exposição acidental ao animal hospedeiro infetado e a infeção inter-humana surge pelo contacto direto com os fluídos orgânicos corporais como sangue, saliva, urina, esperma, secreções nasais e aerossóis”, lê-se no repositório na Universidade de Lisboa.
A equipa responsável pela investigação chegou à conclusão que o vírus tem não só o potencial para infetar células humanas, como também para se replicar, o que levanta preocupações em relação a um possível surto na Europa. A equipa não identificou uma reação aos anticorpos com relação aos dois vírus, Ébola e LLOV, o que sugere, segundo o estudo, que as vacinas contra a Ébola poderão não proteger os seres humanos contra uma possível infeção com o LLOV.
A nossa investigação chegou a provas claras”, afirmou Simon Scott, da Universidade de Farmácia de Medway. “É vital que saibamos mais acerca da distribuição do vírus e que se investigue mais nesta área para avaliar os riscos e para garantir que estamos preparados para possíveis epidemias e pandemia.”
Com o apoio financeiro da Academia Britânica de Ciências, foi criado um consórcio de virologistas que analisam estes vírus em morcegos na Europa, recolhendo informação no campo. O objetivo é recolher o máximo de dados em toda a Europa relacionados com o risco do Lloviu para seres humanos, assim como outras famílias de vírus que se transmitem destes animais para as pessoas.