Numa declaração conjunta com a primeira-ministra Sanna Marin, o Presidente Sauli Niinisto confirmou esta quinta-feira de manhã aquilo que se esperava e anunciou que a Finlândia vai mesmo avançar com o pedido de adesão à NATO — e “sem demora”.

“Durante esta Primavera, teve lugar um importante debate sobre a possível adesão da Finlândia à NATO”, pode ler-se na declaração assinada por ambos.

“Foi preciso tempo para deixar que o Parlamento e toda a sociedade estabelecessem as suas posições sobre o assunto. A adesão à NATO reforçará a segurança da Finlândia. Como membro da NATO, a Finlândia reforçará toda a aliança de defesa. A Finlândia deve candidatar-se à adesão à NATO sem demora. Esperamos que as medidas nacionais ainda necessárias para tomar esta decisão sejam tomadas rapidamente dentro dos próximos dias”, continua o documento.

De acordo com as mais recentes sondagens, 76% dos finlandeses são neste momento favoráveis à entrada do país na NATO — antes da guerra na Ucrânia, apenas um quarto da população dizia o mesmo, diz esta quinta-feira a britânica Sky News.

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Entretanto, a ministra dos Negócios Estrangeiros da Suécia, que já antes tinha dito que a decisão do país vizinho ia “afetar muito” a posição de Estocolmo, já recorreu ao Twitter  para reiterar essa ideia. “A Finlândia é o parceiro de segurança e defesa mais próximo da Suécia, e precisamos de ter em conta as avaliações da Finlândia”, escreveu Ann Linde.

O parlamento sueco vai debater a situação de segurança do país na próxima segunda-feira, devendo a primeira-ministra Magdalena Andersson convocar de seguida uma reunião especial do seu gabinete onde será tomada a decisão formal da candidatura à NATO.

Está a avançar o sueco Expressen, citado pela Reuters, se “nada de inesperado acontecer”, o pedido de adesão deverá ser feito já na próxima semana.

A Rússia, que partilha com a Finlândia uma fronteira de 1.340 quilómetros, já reagiu. Em declarações por telefone aos jornalistas russos, Dmitry Peskov lamentou a decisão do país de abandonar a neutralidade e disse que a adesão à Aliança é “definitivamente” uma ameaça à Rússia e uma “razão para uma resposta simétrica”.

O porta-voz do Kremlin revelou ainda que a Rússia “está preparada para dar a resposta mais decisiva a qualquer lado que tente envolver-se na Ucrânia e dificultar a operação militar especial”.

Em comunicado, Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, considerou que “a adesão da Finlândia à NATO é uma mudança radical na política externa do país” e reforçou a ideia de que a Rússia não irá deixar passar a adesão em branco. “A Rússia será forçada a tomar medidas de retaliação, tanto de natureza militar-técnica quanto de outra natureza, a fim de impedir que surjam ameaças à sua segurança nacional”, pode ler-se no texto que está a ser citado pela imprensa internacional.

Dmitri Medvedev, o vice-presidente do Conselho de Segurança russo, já tinha recorrido esta quinta-feira ao Telegram para alertar os países da NATO para a possibilidade de “uma guerra nuclear total” — isto sem fazer referência ao anúncio da adesão finlandesa.

“Os países da NATO a fornecer armas à Ucrânia, a treinar as suas tropas para utilizar equipamento ocidental, a enviar mercenários e os exercícios por países da Aliança perto das nossas fronteiras aumentam a probabilidade de um conflito direto e aberto entre a NATO e a Rússia, em vez da ‘guerra por procuração’ que estão a travar”, escreveu o ex-presidente russo naquela rede social. “Há sempre o risco de um conflito destes se transformar numa guerra nuclear total. Este será um cenário desastroso para todos.”

Artigo atualizado às 12h40 com o comunicado emitido pelo gabinete de Sergei Lavrov