O presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) brasilieiro, Luiz Edson Fachin, afirmou nesta terça-feira que o país não permitirá “aventuras autoritárias” e salientou que o mundo observa atentamente o processo eleitoral do Brasil, questionado pelo próprio Presidente, Jair Bolsonaro.
“Hoje somos uma vitrina para analistas internacionais e cabe à sociedade brasileira garantir que levaremos aos nossos vizinhos uma mensagem de estabilidade, paz e segurança, e que o Brasil não consente mais em aventuras autoritárias“, assegurou Fachin, durante um evento sobre eleições e democracia, em Brasília.
Fachin, que também é juiz do Supremo Tribunal Federal (STF), saiu em defesa das urnas eletrónicas e afirmou que se trata de um mecanismo que acrescenta paz e segurança às eleições que ocorrerão em outubro próximo, nas quais se enfrentarão Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, favoritos nas sondagens eleitorais.
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A confiança no sistema de votação eletrónica foi questionada em inúmeras ocasiões por Bolsonaro, que chegou a afirmar que faria uma auditoria privada durante as eleições, o que foi duramente criticado por setores da oposição e até aliados.
“A urna eletrónica permitiu superar essas preocupações. É a urna eletrónica que traz paz e segurança ao nosso processo“, disse Fachin, que não se referiu diretamente ao Presidente brasileiro.
No entanto, Fachin expressou a sua preocupação com as recentes “agressões contra instituições democráticas” em outros países, como a invasão do Capitólio dos Estados Unidos da América por partidários do ex-presidente Donald Trump, em 2021, e destacou que servem de alerta para processo eleitoral que o Brasil realizará em outubro.
Segundo Fachin, os ataques são “um alerta para a possibilidade de retrocesso a que estamos sujeitos e que podem infiltrar-se no nosso ambiente nacional”.
No meio de uma escalada da tensão que o Brasil vive, diversas entidades entregaram uma carta a Fachin no dia anterior, na qual condenam as “agressões, bravatas e declarações desprovidas de respaldo técnico, científico e moral” que terão sido perpetradas por Bolsonaro contra o sistema eletrónico de votação, em vigor no país desde 1996, com o objetivo de gerar “instabilidade institucional”.
Bolsonaro, eleito em 2018 por esse mesmo sistema de votação eletrónica, aspira renovar seu mandato por mais quatro anos, mas as sondagens de opinião apontam Lula da Silva, seu maior antagonista, como o claro favorito.