Os embaixadores da Finlândia e da Suécia junto da NATO entregaram na manhã desta quarta-feira os pedidos de adesão dos dois países à organização, no que o secretário-geral da Aliança Atlântica, Jens Stoltenberg, classificou como um momento “histórico”.
Saúdo calorosamente os pedidos da Finlândia e da Suécia para aderir à NATO. Vocês são os nossos parceiros mais próximos, e a vossa adesão à NATO vai aumentar a nossa segurança partilhada. As candidaturas que apresentaram hoje são um passo histórico”, declarou Stoltenberg, numa breve cerimónia no quartel-general da Aliança, transmitida em Bruxelas.
O secretário-geral da organização garantiu que os 30 países membros da NATO estão determinados em “trabalhar em todas as questões” do processo de alargamento e em “alcançar conclusões rápidas”, isto numa altura em que a Turquia ainda coloca obstáculos à adesão de Suécia e Finlândia.
“Este é um bom dia, num momento crítico para a nossa segurança”, comentou Stoltenberg, ladeado pelos embaixadores da Finlândia e da Suécia junto da Aliança Atlântica, Klaus Korhonen e Axel Wernhoff.
O secretário-geral da organização sublinhou que “os aliados estão de acordo quanto à importância do alargamento da NATO” e de manter a união. “E todos concordamos que este é um momento histórico, que devemos agarrar”, concluiu.
A entrega das candidaturas de adesão à Organização do Tratado do Atlântico Norte, que põe termo à posição histórica dos dois países nórdicos de neutralidade e de não-alinhamento, teve lugar depois de o Parlamento finlandês ter ratificado, por ampla maioria, a entrada do país na Aliança, após a decisão ter sido formalizada (no domingo) pelo Presidente Sauli Niinistö e pelo governo liderado pela social-democrata Sanna Marin, e depois de também o governo sueco ter anunciado, na segunda-feira, que iria solicitar a entrada na organização.
A questão da adesão à NATO foi suscitada em Estocolmo e em Helsínquia pelo agravamento da situação de segurança causada pela guerra na Ucrânia, iniciada com a invasão russa, em 24 de fevereiro.
A adesão à NATO obriga o país candidato a um verdadeiro exame de entrada, durante o qual deve convencer todos os atuais 30 Estados-membros, onde figura Portugal, do seu contributo para a segurança coletiva e da sua capacidade de cumprir as obrigações.
UE apoia “com firmeza” candidatura de Finlândia e Suécia à NATO
O Governo português já manifestou publicamente por diversas vezes o seu apoio à adesão de Finlândia e Suécia, e na passada segunda-feira o ministro dos Negócios Estrangeiros, João Gomes Cravinho, disse esperar que a aprovação política do alargamento da NATO a estes dois países se concretize ainda antes da cimeira de líderes da Aliança agendada para o final de junho, seguindo-se o processo de ratificação, que Portugal quer concluir sem demoras.
“A aprovação política eu acredito que será feita antes da cimeira [da NATO] de junho, em Madrid, e depois a rapidez da adesão vai depender do mais lento dos 30 países [membros] atuais em termos de ratificação, e Portugal não será o mais lento seguramente e esperamos que esteja entre os mais rápidos”, afirmou João Gomes Cravinho, em Bruxelas.
Na terça-feira, a ministra da Defesa, Helena Carreiras, disse acreditar que os obstáculos colocados pela Turquia à adesão de Suécia e Finlândia à NATO serão ultrapassados.
À saída de um Conselho de Negócios Estrangeiros da União Europeia na vertente de Defesa, em Bruxelas, naquela que foi a sua primeira reunião ao nível dos 27 desde que assumiu o cargo, Helena Carreiras confirmou que “houve um apoio generalizado à adesão da Finlândia e da Suécia, mas também a convicção de que essas divergências com a Turquia, que a Turquia colocou, vão ser ultrapassadas”.
Presidente da Turquia opõe-se à entrada de Finlândia e Suécia na NATO
“O tom geral é que conseguiremos ultrapassar essas divergências. Os países estão a conversar e acreditamos que sim”, afirmou, depois de, na véspera, o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, ter renovado a ameaça de que Ancara vetará a entrada da Finlândia e da Suécia na NATO se estes países mantiverem a sua política de “acolhimento de guerrilheiros curdos”.