Portugal tem cinco casos de infeção pelo vírus Monkeypox, a varíola dos macacos, confirmados todos na região de Lisboa e Vale do Tejo, avança esta quarta-feira a Direção-Geral da Saúde (DGS). Ao que o Observador apurou, os casos foram identificados em consultas abertas de infeções sexualmente transmissíveis, tendo a primeira sinalização de caso suspeito sido feita a 3 de maio.

As lesões, na zona genital, foram detetadas em homens, “na maioria jovens”, que tiveram recentemente relações sexuais com outros homens.

“Todos os casos confirmados são jovens, homens, foram identificados em contexto de atendimento numa clínica de doenças sexualmente transmissíveis porque apresentavam lesões genitais. Neste caso particular em pessoas de sexo masculino, homens que têm sexo com homens. Pode ter sido forma como foi identificada e dado alerta, não está descrita classicamente a via de transmissão sexual, mas transmite-se por contacto próximo, intimo e prolongado”, esclareceu em conferência de imprensa Margarida Tavares, diretora do Programa Nacional para as Infeções Sexualmente Transmissíveis e Infeção por VIH da DGS.

Os cinco casos foram confirmados, de mais de 20 casos suspeitos, pelo Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge e são “na maioria jovens, todos do sexo masculino”. A DGS avança que “estão estáveis” e que “apresentam lesões ulcerativas”.

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Desde o início da infeção que pode aparecer comichão, frequentemente na face, mas que pode alastrar ao resto do corpo, incluindo à zona genital.

A doença transmite-se “através de contacto com animais ou ainda contacto próximo com pessoas infetadas ou com materiais contaminados”. A DGS escreve ainda no comunicado enviado às redações que “a doença é rara e, habitualmente, não se dissemina facilmente entre os seres humanos.”

“Os indivíduos que apresentem lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, devem procurar aconselhamento clínico”, alerta a DGS que confirma estar a acompanhar a situação “a nível nacional e em articulação com as instituições europeias.”

“Perante sintomas suspeitos, o indivíduo deverá abster-se de contactos físicos diretos. A abordagem clínica não requer tratamento específico, sendo a doença habitualmente autolimitada em semanas”, alertam as autoridades de saúde.

Os médicos e enfermeiros foram alertados na terça-feira para a existência dos casos “com o objetivo de identificarem eventuais casos suspeitos e de os notificarem.”

Caso raro de varíola dos macacos detetado no Reino Unido

Braz Gonçalves: “O importante é olhar do ponto de vista de saúde pública e saber se há disseminação entre pessoas ou não”

Em entrevista na Rádio Observador, o virologista da Faculdade de Farmácia da Universidade de Lisboa João Braz Gonçalves frisa que “nos últimos 10, 15 anos tem havido alguns surtos na Europa” e que cinco casos não é preocupante.

Monkeypox: DGS confirma cinco casos da varíola dos macacos em Portugal

“Para ficarmos preocupados teríamos que ter um surto maior e alguma transmissão de pessoas para pessoas, neste momento os dados que temos estão identificados em cinco pessoas, não sabemos ainda se houve transmissão de pessoa para pessoa. Só se houver transmissão de uma pessoa para outra devemos claramente ficar mais preocupados”, diz o especialista que pede que se olhe para a informação “com calma”.

“Temos que olhar com calma, são cinco casos. O que é necessário é perceber se foram todos originados na mesma fonte e verificar se se transmite de pessoa para pessoa, essa é que é a preocupação principal”, notou pedindo especial “cuidado na contenção destas pessoas de modo a que os imunocomprometidos não sejam infetados.”

“Seria importante que houvesse um cuidado claramente na contenção destas pessoas de modo a que os imunocomprometidos não fossem infetados”, alerta o especialista, que frisa: “A mensagem é de atenção, mas não preocupação.”