O primeiro dia de treinos livres no Grande Prémio de Espanha terminara com uma nova vitória de Charles Leclerc sobre Max Verstappen mas a grande novidade em torno da sexta prova do Mundial de 2022 era a luta a três e não a dois a nível de marcas, com a Mercedes (finalmente) a conseguir rodar nos tempos de Ferrari e Red Bull quase que voltando aos bons velhos tempos dos últimos anos. Seriam essas melhorias suficientes para colocar um dos carros na frente? Para já, e em termos de qualificação, ainda não. Mas da mesma forma como não chegou, a Q3 provou também como num instante tudo pode mudar.

Verstappen ainda sonhou, o Ferrari não desiludiu: Charles Leclerc confirma favoritismo e conquista a pole em Barcelona

A 7.56 segundos do final da fase decisiva de apuramento para os dez primeiros da grelha de partida, e numa zona que por ser lenta não se tinha revelado um problema para qualquer piloto, Leclerc teve um erro que lhe custou não só voltas rápidas mas também um jogo de pneus. A passagem da curva 14 para a 15 podia ter custado alguns lugares na grelha de partida mas, apenas a 26 segundos do final, o monegasco conseguiu reivindicar para si a quarta pole position da temporada com 0.3 de vantagem sobre Verstappen. Carlos Sainz voltou a ficar em terceiro, com a surpresa George Russell em quarto entre Sergio Pérez e Lewis Hamilton, sexto e último entre as três marcas dominadoras. Podia estar ali uma das chaves da prova.

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“Conseguimos mudar as coisas desde ontem [sexta-feira] e a equipa fez um trabalho fantástico. Lutámos muito nas duas primeiras sessões de treinos livres especialmente com os pneus. Analisámos os dados e fizemos mudanças significativas de noite. Senti essa melhoria de manhã e esperamos que seja suficiente para bater a nossa concorrência”, comentara Leclerc após a qualificação. “Vamos partir de segundo e pode ser bom. Foi pena porque na última volta o DRS não abriu e acabei por abortar a volta porque estava a perder muito tempo. A Ferrari parece forte e vai ser difícil de bater, a gestão dos pneus também vai ser importante e vai ser uma longa corrida”, salientara também Max Verstappen.

Com duas vitórias nas duas últimas corridas e um total de três na época (mais do que qualquer outro), o neerlandês conseguiu reduzir a desvantagem para Leclerc para apenas 19 pontos, lutando agora pelo seu terceiro triunfo consecutivo para se aproximar ainda mais do topo do Mundial. No entanto, e até pelas próprias características do circuito de Barcelona, em Montmeló, uma pole position era um indicador de grande relevo assim fosse feita uma boa gestão de pneus – e esse era o desafio do piloto da Ferrari.

No arranque, a primeira parte da missão foi cumprida: Leclerc saiu bem, ganhou posição, fechou a porta a Verstappen antes da curva 1 e conseguiu cravar uma vantagem de 0.9 em relação ao neerlandês logo na volta inicial. A emoção, essa, estava um pouco mais atrás: George Russell conseguiu saltar para a terceira posição apesar de uma pequena colisão com Sergio Pérez, Carlos Sainz teve um péssimo arranque que o colocou à condição em sexto antes de estabilizar em quinto, Lewis Hamilton e Kevin Magnussen ficaram com a corrida arruinada depois de um embate que levou ambos para a gravilha e para a zona das boxes (tanto que o britânico admitiu desistir mas a equipa mostrou crença numa chegada a oitavo).

Os Alpine eram os carros que mais surpreendiam em corrida mas as atenções não iriam demorar a passar para a curva 4 e para algumas rajadas que de quando em vez surgiam no circuito catalão que vieram mudar os dados da prova: Carlos Sainz teve uma saída de pista no local que hipotecou as hipóteses que poderia ter de chegar ao pódio e, pouco depois, foi Max Verstappen a ter também um erro nessa zona, passando pela gravilha e ficando atrás de George Russell e Sergio Pérez, com o Red Bull a conseguir depois superar o britânico da Mercedes. Lá na frente, Leclerc tinha via verde para o regresso aos triunfos.

No entanto, e apenas em quatro voltas entre a 23 e a 27, tudo voltou a mudar de forma radical: enquanto ia discutindo pelo rádio com a equipa os problemas no DRS, Verstappen tentava ultrapassar sem sucesso o Mercedes de George Russell, Sergio Pérez pedia à Red Bull para passar o neerlandês e poder ganhar posição a Russell com um andamento bem mais rápido e Leclerc, que quase passeava na frente, ficou de repente sem potência e acabou mesmo por não sair mais das boxes para uma onda de frustração que foi do piloto a todos os membros da Ferrari. Quase a meio da corrida, Russell era líder. Ninguém imaginava.

Foi nessa fase que a Red Bull viu na crise uma oportunidade: Verstappen foi de novo às boxes trocar de pneus, Pérez conseguiu ultrapassar Russell, o neerlandês não perdeu tempo e assumiu a terceira posição com uma grande ultrapassagem a Valtteri Bottas e quando o Mercedes parou também já estava montado na frente um cenário que podia permitir ao conjunto do campeão mundial uma possível vitória com 1-2 como na Emília-Romanha. Foi isso mesmo que aconteceu: Verstappen acabou na primeira posição e passou pela primeira vez em 2022 para a liderança do Mundial à frente de Leclerc, Pérez ficou em segundo, Russell mostrou as melhorias da Mercedes com mais um pódio e Hamilton, com uma estratégia diferente de pneus, a rodar ainda em quarto mas a perder essa posição na penúltima volta para Carlos Sainz.

Em atualização