O líder de oposição russa, Alexei Navalny, chamou a Vladimir Putin “louco malvado” com armas nucleares e direito de veto na ONU, num artigo publicado esta segunda-feira na revista norte-americana TIME, após o Presidente da Ucrânia ter sido eleito uma das personalidades do ano.
“Os líderes mundiais falaram hipocritamente durante anos sobre o pragmatismo e as vantagens do comércio internacional. Assim, posicionaram-se para beneficiar do petróleo e gás russos, enquanto o domínio de Putin se foi tornando cada vez maior”, salientou Alexei Navalny no artigo.
O opositor acrescentou que agora “a questão com que nos deparamos é: como deter um louco malvado com um exército, armas nucleares e um membro do Conselho de Segurança da ONU?”, questionou. “Esta [questão] ainda não foi respondida. E somos nós que o devemos fazer”, afirmou.
Vladimir Putin “lembrou-nos mais que uma vez que o caminho que começa com ‘um pouco de fraude eleitoral’ conduz sempre a uma ditadura”, disse, vincando que “as ditaduras conduzem sempre a guerras. É uma lição que não deveríamos ter esquecido”.
Navalny, que cumpre uma pena de nove anos de prisão, recordou — numa farpa enviada a alguns países europeus (entre os quais a Alemanha) — que “entre as sanções, a ajuda militar e económica, esta guerra custará centenas de vezes mais que todos os contratos lucrativos cuja assinatura costumava ser regada com champanhe”.
“Putin recordou-nos a todos do teste do pato: se algo se parece com um pato, nada como um pato e grasna como um pato, então provavelmente ele é um pato”, comentou.
Da mesma forma, acrescentou “se alguém destrói a imprensa independente, organiza assassinatos políticos e se dá a delírios imperialistas, então é um louco capaz de causar um banho de sangue”.
“Não o deveriam ter acolhido de braços abertos em fóruns internacionais. Neste momento, Putin está a ensinar a lição de como desfazer os ganhos económicos que um país tem feito durante 20 anos”, indicou Navalny sobre a forte contração devido às sanções ocidentais sobre a invasão militar da Rússia na Ucrânia.
Putin, que lançou a 24 de fevereiro o que intitulou de “operação militar especial” russa no país vizinho, foi incluído pela revista TIME na lista das 100 personalidades mais influentes do mundo em 2022.
A lista inclui também o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, o comandante das Forças Armadas ucranianas, Valery Zaluzhny, e o jornalista russo Dmitry Muratov, que recebeu o Prémio Nobel da Paz em 2021.
Considerado uma das vozes mais críticas do Kremlin, Navalny está a cumprir, desde fevereiro de 2021, uma pena de prisão de dois anos e meio por outro caso de alegada fraude em 2014.
Em 2020, o líder da oposição, de 45 anos, passou vários meses em tratamento na Alemanha depois de sobreviver ao envenenamento por um agente nervoso, pelo qual culpou o Presidente russo, Vladimir Putin.
Envenenado em agosto de 2020 com uma arma química de fabrico russo (Novichok), Navalny, que acusa os serviços secretos russos de tentativa de assassinato, regressou à Rússia em janeiro de 2022, depois de vários meses de convalescença na Alemanha.
Em duas semanas foi preso, encarcerado e condenado a dois anos e meio de prisão, sendo que o Ocidente tem vindo a exigir insistentemente a sua libertação desde então.