A probabilidade é baixa, mas possível. Por isso, o caminho da precaução é aquele que o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC) recomenda. Quem estiver infetado com Monkeypox — a varíola dos macacos — deve afastar-se dos animais de estimação. A regra, aliás, é que enquanto o doente tiver bolhas causadas pelo vírus, ou qualquer tipo de irritação na pele, se mantenha isolado. Apesar de ser uma doença de contágio difícil, ela pode ser transmitida entre humanos através do contacto com as erupções cutâneas ou pela via sexual.
No documento divulgado esta segunda-feira, o ECDC refere que, por enquanto, sabe-se pouco sobre a possibilidade de um animal doméstico ser hospedeiro do vírus da varíola dos macacos. “Roedores e, particularmente, espécies da família Sciuridae (esquilos) são, provavelmente, hospedeiros adequados, mais do que os humanos”, lê-se no documento, que deixa um alerta: “A transmissão de humanos para animais é teoricamente possível.”
Centro europeu recomenda rastreio para Monkeypox. Já há 67 casos confirmados na UE
O problema, se isso viesse a acontecer, era que o vírus poderia estabelecer-se na Europa entre animais de vida selvagem, tornando-se numa zoonose (doenças transmitidas entre animais e seres humanos) endémica. Nos Estados Unidos, isso não aconteceu durante o surto de 2003, a primeira vez que a varíola dos macacos chegou àquele país. No entanto, “as autoridades de saúde animal realizaram vigilância sistemática” e houve uma campanha para animais expostos ao vírus.
O ECDC termina com uma frase mais tranquilizadora: “A probabilidade deste evento acontecer [homem-animal] é muito baixa.”
Por prudência, nas recomendações do ECDC, há uma dedicada a esta questão concreta. “Existe um risco potencial de transmissão de humano para animal na Europa, portanto, deve haver estreita colaboração intersetorial entre as autoridades de saúde pública humana e veterinária.”
Confirmados 37 casos positivos de infeção pelo vírus da varíola dos macacos em Portugal
Embora não haja conhecimento, até à data, de infeções em animais (de estimação ou selvagens), o ECDC defende ser necessário fazer a vigilância dos animais domésticos que possam vir a ser expostos para evitar que a doença seja transmitida à vida selvagem. Nesses casos, deve ser garantido que há capacidade para fazer quarentena e testes laboratoriais para confirmar a presença do vírus.
A eutanásia “deve ser um último recurso reservado a situações em que testes e/ou isolamento não sejam viáveis”, defende o ECDC. A conclusão? Todas as pessoas infetadas com varíola dos macacos devem evitar o contacto com qualquer animal de estimação mamífero, em particular, se forem roedores — como hamsters, gerbos, porquinhos-da-índia, esquilos.
Portugal contava, até dia 23 de maio, com um total de 37 casos confirmados em laboratório, entre os 67 casos detetados em 9 Estados-membros da União Europeia (UE). A nível mundial, a Organização Mundial da Saúde fala em 12 países afetados e num total de 92 casos detetados.
A Direção Geral de Saúde recomenda que quem tenha lesões ulcerativas, erupção cutânea, gânglios palpáveis, eventualmente acompanhados de febre, arrepios, dores de cabeça, dores musculares e cansaço, procure aconselhamento médico. A doença é endémica na África Ocidental e Central e o seu período de incubação é geralmente de sete a 14 dias.