É uma interpretação polémica no meio literário. A porta-voz do ministério dos Negócios russo, Maria Zakharova, recusou a tese de que George Orwell, no seu livro “1984”, estivesse a criticar os regimes totalitários. Em vez disso, a responsável diplomática considera que o escritor britânico estava a abordar “o fim do liberalismo”.

“Por muitos anos acreditamos que Orwell descreveu os horrores do totalitarismo. Estes é um dos maiores enganos globais”, afirmou Maria Zakharova, garantindo que o escritor inglês “escreveu sobre o fim do liberalismo”. “Ele descreveu como o liberalismo levaria a Humanidade a um beco sem saída.”

Numa conferência em que a porta-voz participou no sábado citada pelo Guardian, a porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros russo foi confrontada sobre a possibilidade de a Rússia viver num Estado totalitário — à semelhança daquele que havia sido descrito por George Orwell. Contudo, Maria Zakharova rejeitou essas críticas: “Orwell não escreveu sobre a União Soviética, nem sobre nós”.

“Escreveu sobre a sociedade em que ele vivia, sobre o colapso das ideias do liberalismo”, prosseguiu a responsável, que assegurou que as pessoas “foram levadas a crer que Orwell não escreveu” sobre os regimes liberais. “É o Ocidente que vive num mundo de fantasia.”

Publicado em 1949, o livro é interpretado com um aviso das consequências do totalitarismo e de um Estado de vigilância, sendo que se conjetura que George Orwell se inspirou nos regimes da Alemanha nazi e da Rússia estalinista.

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