O governo de São Tomé declarou estado de calamidade pública no Príncipe, esta terça-feira, e aprovou a entrega de mais de 40 mil euros face aos “enormes danos materiais e prejuízos avultados” causados pelo temporal que atingiu a ilha na segunda-feira.

As fortes chuvas que se fizeram sentir na Região Autónoma do Príncipe ontem, dia 23 de maio de 2022, foram as mais intensas dos últimos anos e causaram enormes danos materiais, ao nível de algumas infraestruturas rodoviárias e prejuízos avultados para algumas famílias, serviços do Estado e empresas privadas”, refere o governo Central, num comunicado divulgado terça-feira.

Em declarações à Lusa, o presidente do governo Regional do Príncipe, Filipe Nascimento, assegurou que não se registaram mortos ou feridos.

“Todas as ribeiras e rios acabaram por estar com um nível de água que transbordava para as zonas limites e as casas fixadas perto destas zonas”, explicou o líder do governo regional.

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Segundo Filipe Nascimento, os acessos às comunidades de Bela Vista, Abade e Aeroporto, “ficaram totalmente intransitáveis devido a erosão de terras” e há ainda “várias comunidades com inundações e enchentes da água em residências, com destruição de móveis e eletrodomésticos”.

“Vários lotes de terrenos agrícolas também estão com muitas derrocadas e deslizamento de terras”, acrescentou, dando conta que o único reservatório de combustível da ilha também registou uma “inundação e infiltração”, necessitando de “intervenção técnica especializada”.

Face a situação o governo de São Tomé declarou situação de calamidade pública na Região Autónoma do Príncipe até o dia 5 de junho e defendeu a necessidade de se “mobilizar todos os esforços e sinergias para dar uma resposta urgente e assertiva à esta situação e ajudar o governo Regional e as populações mais afetadas”.

Segundo um comunicado do governo, o Conselho de Ministros reuniu-se, esta terça-feira, e autorizou “a transferência imediata de 1.000.000 dobras”, (40.767 euros) para o governo Regional, “como apoio de urgência para ajudar a mitigar as situações mais prementes”.

“Durante a vigência da Situação de Calamidade, todas as ações, de base social, financeira e económica, serão coordenadas por um Comité de Crise, presidido pelo primeiro-ministro e chefe do governo, integrando os ministros das Infraestruturas e Recursos Naturais, do Planeamento, Finanças e Economia Azul, do Trabalho, Solidariedade, Família e Formação Profissional e o Presidente do governo Regional”, acrescenta o comunicado.

O executivo adianta que uma delegação governamental, chefiada pelo primeiro-ministro e composta por alguns membros do governo, deslocar-se-á à Região Autónoma do Príncipe na quinta-feira, “para efetuar, in loco, visitas aos locais mais afetados e realizar uma reunião de trabalho com o governo Regional, como forma de se definir, em conjunto, as próximas ações a serem concretizadas“.

Em dezembro do ano passado fortes chuvas destruirão infraestruturas, comércio e parcelas agrícolas e causaram duas mortes na ilha de São Tomé, sendo que os danos foram avaliados mais de 33 milhões de euros.

Em março, as chuvas voltaram a causar danos no distrito de Lembá, com inundação de infraestruturas e destruição de pontes levando a declaração de Estado de Calamidade naquele distrito.

As vítimas destas enxurradas continuam a aguardar por apoios que o governo solicitou aos parceiros internacionais, mas que as respostas não têm sido suficientes face aos prejuízos.