A criminalidade grupal, delinquência juvenil, furto de catalisadores e a violação são alguns dos crimes que mais aumentaram em 2021 face a 2020, segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) nesta quarta-feira aprovado.

Após a reunião do Conselho Superior de Segurança Interna, na qual foi aprovado o RASI de 2021, o secretário-geral do Sistema de Segurança Interna (SSI), Paulo Vizeu Pinheiro, avançou em conferência de imprensa com alguns indicadores “mais relevantes” do documento que vai ser entregue na Assembleia da República.

Segundo o secretário-geral do SSI, no ano passado verificou-se “um elevado crescimento do crime de furto, particularmente do furto de catalisadores”, tendo-se registado mais de 6.000 ocorrências, o que muito contribuiu para a subida da criminalidade participada em 0,9%.

Paulo Vizeu Pinheiro indicou que os crimes rodoviários no seu todo registam uma subida de 12%, mais 3.666 casos, com especial destaque para a condução com álcool (mais 12,4%) e condução sem habilitação legal (mais 12,5%).

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A criminalidade grupal — gangues —  aumentou 7,7% no ano passado, envolve jovens com menos de 25 anos e em geral ligados a movimentos de hip-hop, diz o relat´ório. A delinquência juvenil cresceu 7,3%, o que representa para o secretário-geral do SSI “motivo de preocupação” e “irá continuar a merecer atenção redobrada”.

Em relação à criminalidade participada às forças e serviços de segurança, registou-se em 2021 um aumento da burla informática e nas comunicações (mais 7,7%), com mais 1.519 casos, e aumento de crimes por meio digital.

As maiores descidas registaram-se na contrafação, falsificação e passagem de moeda, verificando em 2021 um decréscimo de 37,2% (menos 2.192 casos), furto em edifício comercial e industrial com arrombamento (-18,3%), furto de veículo motorizado que apresentou uma descida de menos 14%, bem como ocorrências com ATM (menos 14 casos).

Paulo Vizeu Pinheiro afirmou que a ligeira subida da criminalidade geral em 2021 “pode de alguma forma relacionar-se com o aliviar das medidas de confinamento comparativamente com o ano anterior”.

O secretário-geral do SSI sublinhou também que a violência doméstica “continua a ser motivo de preocupação, apesar de registar um decréscimo de 4%, embora ainda apresente valores de participação muito elevados”, com 26.520 denúncias em 2021.

No âmbito da criminalidade económica e financeira, verificou-se em 2021 mais de 60.325 processos iniciados, uma subida de 7,4% face a 2020.

No que respeita à criminalidade violenta e grave, o mesmo responsável destacou as subidas dos crimes de violação, que aumentou 26% (mais 82 casos), de extorsão, mais 19,5% (mais 129) e roubo de viatura, que subiu 14,2 %, mais 20 casos.

As maiores descidas ocorreram no roubo em postos de abastecimento combustível (menos 26,3%), roubo a residência (– 22,5%), roubo por esticão (-20,9%), roubo na via pública (– 8,3%) e homicídio voluntário consumado (-8,6%).

A criminalidade violenta e grave representa 4% de toda a criminalidade participada e investigada.

OSCOT defende reforço da videovigilância

O Presidente do Observatório de Criminalidade Organizada e Terrorismo, Jorge Bacelar Gouveia, defende um reforço da videovigilância para combater a criminalidade juvenil e em grupo. Em declarações à Rádio Observador, Bacelar Gouveia defende ainda um reforço de efetivos para um policiamento de proximidade e visibilidade e alerta para os perigos da incerteza em torno da extinção do SEF.

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ASPP defende reforço de meios

A Associação Sindical de Profissionais da Polícia lembra que um dos avisos deixados no Relatório Anual de Segurança Interna é de que continuam a faltar efetivos. Em declarações à Rádio Observador, o Presidente da ASPP, Paulo Santos, defende que o reforço de meios é urgente tendo em conta o período de festividades e de maior concentração de pessoas que se aproxima com o desconfinamento.

RASI: “É preciso reforço de meios”