Após o massacre que fez 21 vítimas mortais numa escola primária em Uvalde, no estado do Texas, a sociedade norte-americana mostrou-se novamente dividida. De um lado, aqueles que condenam a posse e a facilidade em adquirir uma arma do fogo. Do outro, as vozes que apoiam as medidas inscritas na Segunda Emenda da Constituição dos Estados Unidos — que permite a posse legal de armas.
Uma das reações mais drásticas veio de um membro da Câmara dos Representantes da Flórida, Randy Fine. Na sua conta pessoal do Twitter, o político republicano reagiu ao discurso do Presidente Joe Biden após o tiroteio, no qual o Chefe de Estado apelou a um maior controlo da posse de armas, sublinhando ainda que “tiroteios em massa não acontecem noutra parte do mundo”.
Em reação, Randy Fine afirmou que “tem notícias para o falhanço que diz ser Presidente” dos EUA, deixando depois uma ameaça a Joe Biden: “Tente tirar-nos as armas e aprenderá o motivo pelo qual a Segunda Emenda foi escrita em primeiro lugar”.
Confrontado com uma onda de indignação após estes comentários, Randy Fine manteve a ameaça, vincando que a reação “expõe a mentira da esquerda que quer apenas ‘controlo de armas com senso comum'”. “A única coisa que eles querem é apenas a confiscação das armas e o fim da Segunda Emenda“, acusou, referindo que os democratas desejam pôr fim ao “direito de lutar” dos norte-americanos.
I have news for the embarrassment that claims to be our President — try to take our guns and you’ll learn why the Second Amendment was written in the first place.
— Rep. Randy Fine (@VoteRandyFine) May 25, 2022
Do lado do Partido Republicano, também Donald Trump desabafou que era “difícil de reagir” após o tiroteio. Na rede social criada pelo mesmo, o ex-Presidente dos EUA agradeceu às autoridades e enviou “condolências a todos aqueles que estejam a sofrer tanto com a perda de tantas armas incríveis”.
“Nenhumas palavras podem exprimir a dor deste evento absolutamente horrível. É um momento que não podemos esquecer”, lamentou. No entanto, Donald Trump estará num evento, na sexta-feira, com o objetivo da divulgação de ideias a favor do posse de armas. O ex-chefe de Estado fará mesmo o discurso de inauguração da National Rifle Association’s (NRA).
Um dos organizadores do evento, Jason Ouimet, disse à Fox News que estava muito “orgulhoso” de ter o ex-Presidente norte-americano a discursar na iniciativa. “O Presidente Trump sempre esteve sempre na defesa de valores constitucionais nos quais os membros da NRA acreditam”, salientou, acrescentando que o ex-chefe de Estado “reconhece que a Segunda Emenda visa sobre liberdades e pertence a todos os americanos, sabendo que o nosso direito à autodefesa é não-negociável”.
O senador texano Ted Cruz também lamentou o massacre, nas redes sociais, dizendo-se “enojado” e com o “coração partido” após o tiroteio. “Ato de maldade”, caracterizou, frisando que tem havido “muitos” episódios idênticos nos anos mais recentes. “Nenhum pai deve ter de suportar a dor de enterrar a sua criança. Nós precisamos de nos juntar, enquanto nação, e apoiar Uvalde ao passo que se tenta recuperar desta perda devastador.”
Today is a dark day. We’re all completely sickened and heartbroken. As of now, 15 innocent people are dead. 14 were children. Others are still in critical condition or otherwise injured, and we are all praying for each of them. 1/x
— Senator Ted Cruz (@SenTedCruz) May 24, 2022
Num programa de televisão, Ted Cruz voltou a defender o posse de armas e a Segunda Emenda, apesar de especificar que necessita de ser revista, principalmente no que diz respeito à compra de posse de armas por “criminosos, fugitivos e outras pessoas com sérios problemas mentais”.
Cruz says exact details are still unknown but "it almost immediately gets politicized." He says going after Second Amendment rights "is not effective in stopping these sorts of crimes. What is effective is targeting felons and fugitives and those with serious mental illness." pic.twitter.com/3XTCsVBh1W
— Reena Jade Diamante (@reenajade) May 24, 2022
“Vemos que estes assassinatos em massa são uma ameaça permanente que enfrentamos”, assumiu Ted Cruz, defendendo que o assunto da porte de armas é “politizado” pelos democratas: “Usam-no para ir atrás dos direitos da Segunda Emenda. Vimos no passado que isso não é eficaz”, concluiu.