A companhia aérea irlandesa Ryanair está a enfrentar acusações de discriminação racial. A razão? Os cidadãos sul-africanos que queiram embarcar nos aviões para o Reino Unido e resto da Europa são obrigados a fazer um teste em africânder — língua falada pelos descendentes dos colonizadores europeus e que fez parte da opressão dos cidadãos negros durante o apartheid — para provarem a sua nacionalidade.

Apesar de a companhia aérea low cost vincar que se trata de um esforço para deter os portadores de passaportes sul-africanos falsos, uma das críticas é que o “questionário simples” de conhecimentos gerais — que engloba perguntas tais como o nome da maior montanha do país, a moeda e a capital — está a ser realizado no terceiro idioma mais utilizado no país.

Até o conteúdo da prova é alvo de observações, revelou o The Guardian, referindo-se que tópicos como o lado da estrada em que os sul-africanos conduzem não determinariam por si só se alguém era ou não portador de um passaporte verdadeiro.

A Ryanair já justificou a medida com a “excessiva prevalência de passaportes sul-africanos fraudulentos”:

Por isso, estamos a exigir aos passageiros que viajam para o Reino Unido que preencham um questionário fácil em africânder. Se não conseguirem responder ao questionário, serão impedidos de embarcar e serão reembolsados”, referiu a empresa, citada pelo jornal britânico.

Não é, para já, clara a razão da língua escolhida para a realização do teste ser o africânder e não, por exemplo, o Zulu ou Xhosa, o primeiro e o segundo idiomas mais frequentes entre as famílias sul-africanas — como se vê no gráfico da agência governamental de estatísticas da África do Sul.

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Statistic: Distribution of languages spoken by individuals inside and outside of households in South Africa 2018 | Statista
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Isto é extraordinariamente excludente. Eles não tiveram em consideração as implicações relativamente ao passado histórico da África do Sul”, considerou Zinhle Novazi ao Financial Times. Já  Dinesh Joseph, que vive no Reino Unido, informaram que, independentemente de falar ou não africânder, não poderia viajar de Lanzarote para Inglaterra sem fazer a prova.

A alta comissão do Reino Unido na África do Sul já confirmou que o teste não é uma exigência oficial do governo britânico.