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O povo e o avô António. O discurso apolítico e quase sem atualidade de Marcelo

Este artigo tem mais de 2 anos

Presidente da República optou por não fazer recados políticos, como faz muitas vezes em discursos comemorativos. Dedicou o 10 de junho à palavra que mais repetiu: o povo.

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Marcelo Rebelo de Sousa estava na sua casa emprestada, Braga, distrito de origem do seu avô António e da sua avó Joaquina e ativou o seu modo lúdico e motivacional. O Presidente da República fez um discurso do 10 de junho apolítico e apenas com pequenas menções à atualidade, como o facto do povo português estar a receber refugiados ucranianos. O discurso teve um objetivo: exaltar o povo português. Marcelo quis valorizar o papel da “arraia-miúda” acima daqueles que são “os seus chefes, líderes e soberanos”.

Numa espécie de aula de história, Marcelo lembrou a coincidência de em 2022 se celebrarem datas redondas “do começo do fim” do império colonial e do “fim do fim” desse mesmo império: os 200 anos da independência do Brasil e os 20 anos da independência de Timor-Leste. Para Marcelo foi “o povo português que ajudou a criar Brasis ou a restaurar Timores-Lestes”.

Sobre a independência da pátria irmã do Brasil, Marcelo lembrou que esse mesmo ato surgiu “pela voz do filho mais velho do Rei de Portugal”, o que significa que esse também foi um passo de um “povo que se desdobrou em dois: o brasileiro e o português”. Lembrou, tal como tinha feito Jorge Miranda, a Constituição do mesmo ano, a de 1822 que começou a limitar “os poderes do rei” e a consagrar “direitos pessoais e políticos”.

Povo, povo e povo. Foi uma palavra que Marcelo foi repetindo centenas de vezes. O Presidente, que discorda da saída do município do Porto da Associação Nacional de Municípios Portugueses, fez às autarquias uma pequena referência que só a com esforço se pode ver uma mensagem nas entrelinhas sobre o caso ANMP. Disse Marcelo que os “municípios nasceram dos seus forais antes de serem submetidos ao poder político central”, o que não deixa de firmar que existe essa submissão.

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JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

À semelhança do que tinha dito no 25 de Abril, Marcelo Rebelo de Sousa voltou a repetir que a pátria portuguesa é “história, memória, é Língua, é alma, sucessos e fracassos, heróis, líderes, mas é muito mais do que isso: é povo”.

O Presidente lembrou ainda que Portugal vai ser o “centro do mundo dentro de 15 dias”, através da cimeira dos Oceanos, das Nações Unidas, que se realiza em Lisboa e que, para o Presidente, “só é possível em Portugal”.

Marcelo destacou ainda a capacidade do povo português de receber irmãos vindos de vários pontos do globo como agora acontece “de novo” com “ucranianos” ou irmãos “vindos da Ucrânia”. Numa alusão ao “povo armado”, as Forças Armadas, Marcelo Rebelo de Sousa não deixou de referir as missões de paz em Moçambique, na República Centro Africana e no Mali, mas também as tropas que estão ao serviço da NATO na Lituânia e Roménia.

Marcelo despediu-se do povo minhoto, dizendo aos populares que o fazem  lembrar o seu avô, António, que de Pedraça partiu para o Brasil para fugir da crise.

Jorge Miranda critica o “nacional-populismo” de Putin

À semelhança de Marcelo, o presidente das comemorações do 10 de junho, Jorge Miranda, também fez um discurso com muita resenha histórica, mas com mais alusões à atualidade. O constitucionalista exaltou a “portugalidade” e o “patriotismo”, mas fez questão de os afastar do conceito de “nacionalismo, pelas conotações que o termo poderá comportar”. O professor catedrático lembra – numa alusão crítica à invasão da Ucrânia pela Rússia – que agora “grassam nacional-populismos radicais e que chegam mesmo a fazer guerras de invasão”.

Sendo este também o dia de Camões (logo, também da Língua Portuguesa), Jorge Miranda reagiu “contra os atropelos que vem sofrendo entre nós: constantes erros de sintaxe na comunicação social”, criticando o “ensino em escolas superiores portuguesas por professores portugueses a alunos portugueses em inglês”, bem como “a denominação de algumas escolas superiores também em inglês”.

O professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa denunciou ainda uma “adulteração do programa Erasmus”, alegando que “internacionalizar não pode equivaler a desnacionalizar”.

JOÃO PORFÍRIO/OBSERVADOR

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