Primeiro, a hipótese de uma vingança de pessoas do PSG. Depois, a teoria de que teria sido todo um plano engendrado por uma companheira de equipa. A seguir, uma novela passional mal contada que envolvia Éric Abidal e um caso que vinha desde Barcelona. As bárbaras agressões a Kheira Hamraoui em novembro levaram a um sem número de notícias e cenários sem que exista algo concreto nesta fase da investigação. Da parte da jogadora, que regressou aos relvados mais de dois meses depois, sobrou o silêncio de quem prefere esquecer algo que não mais esquecerá. Um silêncio até agora, aproveitando o final de temporada para dar a primeira entrevista depois de tudo o sucedido ao L’Équipe para dizer “algumas verdades”.

“Quando voltei à competição, quando entrei de novo em campo, fui ouvindo cânticos hostis e insultos provenientes das bancadas. Estava surpreendida. Surpreendida e ao mesmo tempo assustada”, destaca entre uma pergunta que continua a fazer todos os dias depois do sucedido: “Porquê a mim?”.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Organizou jantar, contratou dois homens e pagou para agredirem colega de equipa: o escândalo que assola o futebol francês

“Foi um ataque de uma violência incrível. Dois desconhecidos encapuçados tiraram-me do carro em que viajava para me baterem nas pernas com barras de ferro. Nessa noite pensei mesmo que ia ficar ali… Eu estava a gritar de dores, a tentar proteger-me o mais possível. São memórias muito dolorosas para mim. Foi uma verdadeira emboscada. Estes indivíduos estavam mesmo à minha espera, atrás de um camião. Já lá estavam no lugar certo no momento certo. Como poderiam estar tão bem informados?”, questiona.

O plano saído da prisão, o caminho suspeito de Diallo e a rivalidade desportiva: os novos pormenores da agressão a Hamraoui

“Nos dias seguintes estava completamente marcada, perdida e chateada com todos os acontecimentos. Foi complicado para mim voltar à superfície durante vários dias mas eram muitos problemas para mim. Tinha acabado de sair de um episódio traumático, senti o peso de uma máquina mediática que se estava a ativar, estava presa numa tormenta. Investigação à Diallo [companheira de equipa no PSG]? Não vou participar num tribunal mediático, não faz sentido. Uma coisa é certa: fui vítima de um ataque terrível. Fui ouvida pelos investigadores, contei o que vi. Agora, que cada um fique no seu sítio. Não sou juiz, não faço parte da investigação. Confio nos tribunais e na Justiça, que tem explorado várias vias”, contou.

“Abre a porta! Abre a porta!” Hamraoui terá dito à polícia que o ataque durou “minutos” e que foi agredida com uma barra de ferro

“Assobios e insultos no regresso? Fiquei surpreendida. Surpreendida, assustada. Ainda assim, tentei ir ignorando para estar apenas concentrada no jogo. No final, caí”, recordou. “Pedi um pouco de decência depois de tudo o que se passou, que respeitassem a minha intimidade e a minha vida privada. A questão do Éric Abidal não tem nada a ver com as agressões de que fui vítima. Sinto que existe uma cortina de fumo desenhada para nos mantermos longe da verdade. A investigação continua mas preciso mesmo que isto avance para que me possa reconstruir como pessoa. Estou tranquila, a verdade aparecerá”, concluiu.

De rivalidade desportiva a vingança amorosa: como o nome de Abidal foi parar ao caso das agressões a Kheira Hamraoui