A passagem à Q2 na terceira sessão dos treinos livres ficou apenas a 20 milésimos pelo tempo que Luca Marini tinha feito ainda na sexta-feira, o avançar para a Q2 da Q1 também não ficou muito mais longe. As últimas qualificações de Miguel Oliveira e da própria KTM tinham acabado muito aquém daquilo que a equipa já tinha feito mas a antecâmara do Grande Prémio da Alemanha colocou pela primeira vez nos últimos tempos o português a ter reais possibilidades de chegar mesmo à Q2, mesmo terminando à porta desse objetivo. E foram esses sinais que deram uma maior motivação para uma corrida onde em 2021 conseguira um segundo lugar naquele que era o terceiro pódio consecutivo dessa fase da temporada.

Miguel Oliveira parte em 14.º para o GP da Alemanha de MotoGP

“Usámos esta nova versão porque representa a homologação de 2022. Em Mugello deixámos de fora os sidepods mas os engenheiros acham que a versão com os sidepods é melhor para o tipo de curva e a baixa velocidade aqui na Alemanha. Globalmente fizemos boas sessões. Senti que consegui sempre um ritmo positivo em todas as sessões e esta manhã os time attack também foram bons. Perdi a oportunidade para ir a Q2 ao conseguir uma boa primeira saída mas na segunda entrada em pista encontrei muitos pilotos quando estava em volta rápida”, começou por explicar após a qualificação no Sachsenring.

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“Penso que posso ter um bom ritmo de corrida amanhã [domingo] e espero alcançar aqui mais pontos do que aqueles que consegui nas últimas corridas. Melhorámos os tempos face ao ano passado, o ritmo não é muito mau e as condições são um pouco mais exigentes. Demos um passo em frente”, referiu ainda o piloto de Almada, que vinha de dois nonos lugares consecutivos em Mugello e depois na Catalunha.

O anúncio da Gresini era outro, Oliveira não falou do futuro mas nem tudo está igual: “Sentar-me com outras marcas motivou-me”

Mais do que a possibilidade de ascender ao top 10 do Mundial perante a desvantagem de três pontos para Marc Márquez que vai falhar as próximas provas depois de ter sido novamente operado ao braço direito, as atenções iam também estar centradas no português numa fase em que o futuro continua em aberto e com a provável mudança para a Ducati via Gresini Racing a ser agora “ameaçada” com a possibilidade de reforçar a LNR Aprilia em estreia no circuito em 2023. Tudo na corrida entre as primeiras dez do ano que contava com mais público nas bancadas, um dos pontos que tem levado a própria organização a abrir cada vez mais o debate para discutir o que pode ser melhorado no futuro para atrair mais holofotes e adeptos.

Ainda antes da partida, o warm up deixava de novo boas indicações com Miguel Oliveira a ser o segundo mais rápido da manhã deste domingo apenas atrás de Jorge Martín (Brad Binder, o companheiro de equipa na KTM, fez o sétimo registo). Também por isso, uma boa saída assumia especial importância para reduzir o gap para os primeiros lugares dominados pela Ducati, com seis motos nas oito primeiras posições. No entanto, e ao contrário do que tinha acontecido nas últimas provas, o português manteve a 14.ª posição na saída, subindo uma posição por alguns segundos antes de ser ultrapassado por Pol Espargaró.

Lá na frente, Fabio Quartararo conseguiu assumir a liderança da corrida superando Pecco Bagnaia, com Johann Zarco a arriscar muito mas a passar Aleix Espargaró com Jack Miller a ser quinto com a melhor volta. A prova começava a mexer e logo com uma grande surpresa na terceira volta, com a traseira de Pecco Bagnaia a travar e o italiano a ter mais uma saída de pista que muito provavelmente deverá ter custado as hipóteses de ter chegado ao título em 2022. Miguel Oliveira subia a 12.º, tendo ultrapassado Joan Mir antes da única moto da Suzuki também cair, com Brad Binder a fazer render o melhor arranque na prova para se consolidar numa oitava posição então atrás do futuro companheiro de equipa Jack Miller.

Miguel Oliveira não conseguia superar Pol Espagaró, que estava quase a funcionar como tampão para se chegar ao comboio do top 10, mas subiu mais um posto após nova queda de Nakagami que deixou o setor 3 com bandeiras amarelas. Só mesmo entre a oitava e a nona voltas o português subiu ao top 10 superando Pol Espargaró, tendo a partir daí 2.5 segundos de atraso para recuperar para Luca Marini numa fase em que o italiano atacava a oitava posição de Brad Binder. Quartararo continuava na frente a tentar descolar sem passar do segundo e meio de Zarco, tendo Aleix Espargaró como terceiro em luta com Viñales.

A gestão dos pneus parecia ser o único fator potencialmente diferenciador entre pilotos, com a única dúvida no top 10 a passar pela quarta posição até Jack Miller conseguir passar Maverick Viñales, que se afundou em pouco mais de uma volta na classificação com problemas não só de aderência mas na própria moto. De resto, Fabio Quartararo conseguia um avanço de 2.5 segundos sobre Zarco, Aleix Espargaró estava seguro na terceira posição, Fabio Di Giannantonio, Jorge Martín e Luca Marini seguiam à frente da dupla da KTM, com Brad Binder em oitavo e Miguel Oliveira em nono com Enea Bastianini a fechar o top 10.

A dez voltas do final, abriam duas novas frentes de interesse. Por um lado, a discussão da última posição de pódio, com Miller cada vez mais próximo de Aleix Espargaró tendo Quartararo e Zarco muito sólidos na frente. Por outro, a luta pela quinta posição num comboio com Luca Marini, Jorge Martín, Brad Binder e Fabio Di Giannantonio, que descera para o oitavo posto a menos de dois segundos de Miguel Oliveira. O português tentava ainda subir mais um lugar mas o piloto da Gresini Racing conseguia manter um bom ritmo para pelo menos segurar o oitavo, com o companheiro Bastianini ainda mais longe de Oliveira.

Jack Miller conseguiu ainda a duas voltas do final chegar à terceira posição, num pódio com os franceses Quartararo e Zarco. Aleix Espargaró e Luca Marini fecharam o top 5, seguidos de Jorge Martín, Brad Binder, Fabio Di Giannantonio, Miguel Oliveira e Enea Bastianini, com o português a conseguir assim reentrar no top 10 da classificação do Mundial a meio da temporada de 2022 com 64 pontos, a cinco dos dois pilotos da Suzuki (Joan Mir e Álex Rins, que falhou esta prova após partir o pulso esquerdo). Quartararo reforçou a liderança com 172 pontos, mais 44 do que Aleix Espargaró e 61 do que Zarco.