A novela parece ter durado quase uma eternidade no tempo desde o início da temporada mas tudo podia na verdade ser resumido ao que foi dito, escrito e visto entre o Grande Prémio de Itália e da Catalunha, entre o fim de maio e o início de junho. Porquê? Porque foi aí que Jack Miller se tornou uma quase certeza na KTM. Porque foi antes dessa prova que Miguel Oliveira assumiu que o convite que lhe tinha sido feito para regressar à Tech3 era um passo atrás que considerava injusto e não queria aceitar. Porque foi a seguir a essa qualificação que o português foi visto na garagem da Gresini Racing a falar com Paolo Ciabatti, o diretor desportivo da Ducati. Porque, no limite, foi também aí que o nome de Enea Bastianini ganhou força.

“Sim, vou estar na grelha do MotoGP”: Miguel Oliveira anuncia nova equipa nos próximos dias (e não falou apenas com a Ducati)

“Sim, a questão da Tech3 é algo sobre o qual a KTM já me falou. É algo bem recente mim. Agora questiono-me várias vezes: o que poderia ter feito diferente? E o que mais posso fazer? O que mais posso fazer para alcançar a mesma posição que tenho agora? Ainda não tenho uma resposta para isso. Sei que não há muitos lugares disponíveis em equipas de fábrica. Neste momento há muitos pilotos, mas não muitos lugares. A minha ambição é continuar a competir numa equipa de topo. A minha situação contratual para a próxima época ainda está em aberto. O meu futuro será brilhante, é nisso em que acredito. Acredito no meu potencial e é para isso que trabalho, obviamente. Acredito que mereço muito mais do que isso, mereço estar num lugar mais acima”, referiu Miguel Oliveira por altura do Grande Prémio no circuito de Mugello.

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“O meu objetivo é ter uma mota competitiva e esse é o caso da Ducati.” Miguel Oliveira confirma rumores mas diz que tem “futuro em aberto”

“O meu objetivo é correr com uma mota competitiva. E esse é o caso da Ducati neste momento. Parece que há um lugar vago na equipa. Tivemos uma reunião curta. Queríamos conhecer-nos, sentámo-nos e falámos. Ainda não é nada sério, por isso, o meu futuro continua em aberto. O meu objetivo é estar numa mota que seja capaz de ganhar corridas”, comentou depois do Grande Prémio catalão, assumindo que gostaria de fechar uma decisão final para 2023 no prazo de uma a duas semanas. Não aconteceu.

Parecia ser quase uma questão de juntar as peças do puzzle. De um lado, várias publicações especializadas anunciavam que a decisão do piloto de Almada seria revelada na quinta-feira, véspera das duas primeiras sessões de treinos livres do Grande Prémio da Alemanha. Do outro, a Gresini referia que iria fazer “um grande anúncio” também esta quinta-feira, ao final da tarde. Por mais que a RNF Aprilia continuasse como uma possibilidade que gostaria de contar com o português, a decisão parecia estar mais do que tomada. No entanto, ainda não foi desta que houve “fumo branco”: a Gresini apresentou oficialmente a biografia de Fausto Gresini, o “pai” da equipa que morreu no ano passado vítima de Covid-19, ao passo que o português falou aos meios do MotoGP mas sem anunciar propriamente grandes novidades a não ser a saída da KTM.

Aliás, durante a tarde as primeiras declarações já não apontavam propriamente para um anúncio sobre o futuro. “Só posso dizer que não estou preocupado com 2023. Os pilotos não estão proibidos de conversar com outras pessoas. Procuramos sempre o máximo sigilo mas nem sempre é possível. Sou aquele tipo de pessoa que gosta de deixar sempre a porta aberta mas depois de Mugello a minha intenção ficou clara: ou ficava com um lugar na equipa de fábrica da KTM ou ia para outro lado. E como a opção da equipa de fábrica da KTM já não está disponível, não temos outra possibilidade de sair depois desta época”, destacou o português já na Alemanha, citado pelo portal Speedweek, antes de fazer um desmentido nas suas redes sociais de que iria organizar uma conferência de imprensa para falar sobre 2023.

“Saída da KTM? É algo que falta decidir por completo. Ainda não assinei por nenhuma equipa mas acredito que o meu futuro será no MotoGP. Há mais pilotos que ainda não assinaram. Sinto-me muito feliz por ter estado com a KTM durante tantos anos, desejo tudo de bom, ficará para sempre no meu coração. Vamos separar-nos no final da temporada mas vou dar o máximo até final e espero acabar com mais pódios. A KTM fez tudo para eu ficasse na Tech 3 mas não quis. Conquistei um lugar na equipa de fábrica, onde cheguei com muito esforço e resultados, mostrando que podia obter bons resultados”, referiu na conversa que manteve aos órgãos oficiais do MotoGP, antes de voltar a abordar por alto a época de 2023.

Com um pé na Ducati mas ainda ao leme da KTM, Miguel Oliveira foi 9.º no GP da Catalunha

“Às vezes um novo desafio é o melhor. Gostaria de continuar na KTM mais anos porque o projeto tem pernas para andar, mas foi agradável sentar-me com outras marcas e ver o que pensam de mim. Foi bom ouvir isso, motivou-me a fazer o melhor possível”, acrescentou, sem falar da hipótese Gresini.