Em atualização

Um sismo de magnitude 5,9 atingiu, esta terça-feira, o Afeganistão e foi também sentido num raio de cerca de 500 quilómetros, chegando ao Paquistão e Índia. Já foram contabilizados mais de mil mortos e, pelo menos, 1.500 feridos, confirmou um oficial talibã à BBC. Há relatos de danos também em casas no Paquistão, junto à fronteira, mas não é claro se isso se deve ao sismo ou às chuvas, disse Taimoor Khan, um porta-voz da gestão de catástrofes na área, citado pela Al Jazeera.

O epicentro do sismo assinalado com uma estrela e as linhas de contorno do abalo sentido (USGS)

A atualização do número de vítimas, citada também pela agência governamental afegã Bakhtar News, foi feita pelo responsável do Departamento de Informação e Cultura da província de Paktika, a mais afetada pelo sismo. É expectável que o número de mortos venha a aumentar com a contabilização de outras regiões e após os trabalhos de resgate.

Números próximos da última atualização já tinham sido avançados de manhã, pelo ministro-adjunto do Estado afegão com a pasta da Gestão de Desastres e Emergências, Mawlawi Sharafuddin Muslim: cerca de 920 mortos e 610. Contagem muito acima dos 280 mortos anunciados inicialmente.

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As autoridades têm, no entanto, a noção que o número de mortes ainda poderá aumentar, “uma vez que algumas das aldeias se encontram em áreas remotas nas montanhas e que levará algum tempo a recolher informação”, disse Salahuddin Ayubi, funcionário do ministério do Interior, citado pela Al Jazeera.

Sismo sentido num raio de 500 quilómetros

A terra tremeu pouco depois da 1h30 (hora local, 22h30 em Lisboa), apanhando as pessoas durante o sono, que ficaram soterradas nos escombros das casas destruídas ou pelos desabamentos. Centenas de casas, de construção precária (feitas de terra, pedras e outros materiais), foram derrubadas pelo sismo, situação agravada pela chuva que se faz sentir na região.

Este é o sismo mais mortífero dos últimos 20 anos no Afeganistão — em 2002, também foram registadas cerca de mil mortes — e acontece numa altura em que o país já enfrentava uma grave crise humanitária e económica.

O sismo teve origem a 51 quilómetros de profundidade e a cerca de 46 quilómetros de Khost — com cerca de um milhão de habitantes —, mas foi também sentido em Cabul (Afeganistão), a cerca de 150 quilómetros, e Islamabad (Paquistão), a mais de 350 quilómetros.

Com poucos meios para as equipas de resgate oficiais, agravados pela dificuldade em aceder a esta região montanhosa, é a população que tem tentado recuperar os corpos das vítimas mortais e retirar os feridos dos escombros. Um agricultor local, Alem Wafa, quando entrevistado pela BBC, contou ter encontrado sozinho 40 mortos, a maior deles crianças pequenas.

Além da escassez de meios para lidar com as catástrofes naturais, também as infraestruturas e profissionais de saúde são em número reduzido. A situação tornou-se ainda pior com médicos entre os mortos e as débeis infraestruturas destruídas pelo sismo. O sismo afetou também as torres de telecomunicações deixando muitas pessoas sem possibilidade de usar os telemóveis.

O governo talibã já pediu ajuda às Nações Unidas (ONU) para avaliação das necessidades e ajuda às populações afetadas.

[Este foi “um tipo de sismo muito perigoso”, explicou à Rádio Observador o sismólogo João Duarte Fonseca — oiça aqui:]

Sismo Afeganistão/Paquistão. “É um tipo de sismo muito perigoso”

A região do Afeganistão está assente sobre uma série de falhas geológicas e os sismos são frequentes. Só nos últimos 10 anos, os terramotos provocaram a morte de mais de sete mil pessoas no país, segundo dados do Gabinete de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, citados pela BBC. Mas, em 1998, morreram cerca de 4.500 pessoas por causa de um sismo de magnitude 6,1 e as subsequentes réplicas, destacou a Al Jazeera. Todos os anos morrem uma média de 560 pessoas por causa deste tipo de catástrofes.