O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, enfrenta esta quinta-feira duas eleições legislativas parciais que vão testar a sua popularidade junto dos eleitores após o escândalo “partygate e em plena crise económica.

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Ambas as eleições, em Wakefield e em Tiverton and Honiton, realizam-se em círculos eleitorais politicamente significativos para o Partido Conservador.

Em Wakefield, no norte de Inglaterra, está em jogo o que foi tradicionalmente um bastião trabalhista conquistado em dezembro de 2019, que contribuiu para a maioria absoluta dos “tories“.

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Na esperança de recapturar esta parte do chamado “muro vermelho” que ruiu nas últimas eleições, o líder do “Labour”, Keir Starmer, afirmou que Wakefield “poderá ser o local de nascimento do próximo governo trabalhista”.

As sondagens mostram o candidato trabalhista Simon Lightwood, um trabalhador do sistema nacional de saúde, com uma vantagem clara de cerca de 20 pontos percentuais.

A eleição foi desencadeada pela demissão do deputado Imran Khan, que foi condenado a 18 meses de prisão por assédio sexual de um rapaz de 15 anos.

O círculo eleitoral foi continuamente mantido pelos Trabalhistas entre 1932 e 2019, mas o forte apoio local ao Brexit beneficiou os Conservadores.

Em Tiverton and Honiton, uma circunscrição eleitoral no sudoeste de Inglaterra que pertence aos ‘tories’ desde a criação em 1997, os eleitores vão escolher o sucessor de Neil Parish.

O deputado de 65 anos demitiu-se após ter admitido ver pornografia no telefone enquanto estava no parlamento.

O antigo agricultor de profissão alegou ter entrado na página para adultos por engano enquanto procurava tratores e que depois num “momento de loucura” voltou ao mesmo ‘site’.

Os Democratas Liberais esperam ganhar, como fizeram em dezembro passado no círculo de North Shropshire, outro baluarte rural dos Conservadores no norte de Inglaterra, que estes perderam após um escândalo de lóbi junto de ministros.

As mesas de voto abriram às 07h00 e encerram às 22h00 (mesma hora em Lisboa), sendo os resultados esperados na madrugada de sexta-feira.

A perspetiva de os Conservadores perderem dois lugares não afetará a maioria parlamentar, mas irá aumentar o clima de desconfiança em relação a Boris Johnson, que sobreviveu por pouco a uma moção de censura interna.

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Num sinal do mal-estar dentro do partido, a candidata em Tiverton and Honiton, Helen Hurford, recusou-se duas vezes a comentar a honestidade de Boris Johnson numa entrevista ao diário The Guardian, conotado com a esquerda.

O primeiro-ministro “pensa que é honesto”, respondeu.

Considerado uma máquina vencedora de eleições após o triunfo nas legislativas há dois anos e meio sob a promessa de concretizar o Brexit, Johnson tem vindo a perder esta reputação devido aos sucessivos escândalos durante o mandato.

Ansioso por se afirmar no palco internacional, Boris Johnson cancelou na semana passada a presença num encontro de Conservadores no norte de Inglaterra para visitar Kiev pela segunda vez e reiterar o apoio do Reino Unido face à invasão russa ao lado do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky.

No plano interno, o contexto não é favorável para o Governo, com a inflação de 9,1%, o mais alto nível em 40 anos, o que está a aumentar a agitação social, com greves em curso nos transportes ferroviários e outras previstas na educação e saúde.

Com a imagem desgastada pelo escândalo das festas na residência oficial de Downing Street, o Executivo envolveu-se novamente em controvérsia recentemente devido ao fracasso da tentativa de deportação de migrantes ilegais para o Ruanda.

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Entretanto, surgiu uma nova polémica a que a imprensa apelidou de “Carriegate”, sobre alegadas tentativas repetidas de Boris Johnson para obter empregos remunerados para a mulher Carrie.

Por enquanto, o líder Conservador está teoricamente seguro, pois as regras impedem uma nova moção de censura durante um ano.