A moção de censura contra o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, será votada esta tarde. A imprensa britânica noticia que 15% do grupo parlamentar do Partido Conservador está a favor da votação. O gabinete do primeiro-ministro britânico já reagiu, dizendo que o voto desta segunda-feira será uma “oportunidade para terminar com meses de especulação e permitir ao governo avançar”.

O voto terá lugar esta tarde, na Câmara dos Comuns, entre as 18h00 e 20h00 horas sendo que o resultado será conhecido horas depois.

O anúncio confirma vários rumores que indicavam que os deputados tinham submetido nos últimos dias cartas que mostravam a insatisfação contra as ações do primeiro-ministro, processo que é secreto e anónimo, apesar de alguns terem manifestado publicamente a posição.

O presidente do grupo parlamentar Conservador (também conhecido por Comité 1922), Graham Brady, declarou junto ao Parlamento ter sido ultrapassado o limite mínimo de 15% dos deputados, ou 45 dos 359 deputados, para dar origem ao processo.

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Esta segunda-feira, um dos nomes que se juntou ao rol de críticas foi o do antigo secretário de Estado das Finanças Jesse Norman, enumerando numa carta uma série de razões, incluindo o escândalo Partygate e a intenção de legislar para suspender partes do Protocolo da Irlanda do Norte do Acordo do Brexit. “Prolongar esta charada de permanecer em funções não só insulta o eleitorado […] mas torna uma mudança de governo na próxima mais provável”, disse.

Uma sondagem publicada no domingo no jornal Sunday Times foi encarada como um sinal de alerta para os conservadores. O Partido Trabalhista obteve uma vantagem de 20 pontos percentuais nas intenções de voto na circunscrição de Wakefield, que vai a votos a 23 de junho devido à demissão do deputado Conservador Imran Khan.

Os apupos dirigidos a Boris Johnson na sexta-feira, à entrada da Catedral de São Paulo, em Londres para uma cerimónia de celebração dos 70 anos de reinado de Isabel II, acentuaram a viragem da opinião pública. 

Numa sondagem interna, o site ConservativeHome vinca que a maioria dos militares (57%) ainda é contra a demissão, mas refere que o número daqueles que querem uma nova liderança aumentou para 40%.

O processo da moção de censura é secreto e o resultado é determinado por maioria simples, ou pela orientação de cerca de 180 votos entre os 359 deputados Conservadores.

Se Boris Johnson ganhar mais de metade dos votos, permanecerá como líder do partido e usufruirá de um ano de imunidade contra novas moções de censura, mas uma derrota abrirá uma eleição interna para encontrar um sucessor na qual o atual primeiro-ministro não poderá concorrer à reeleição.

De recordar que esta moção de censura tem como pano de fundo o “Party Gate”, que consistiu em festas durante o confinamento cujos detalhes vieram a público com um relatório independente de Sue Gray.

Boris Johnson já rejeitou demitir-se do cargo de primeiro-ministro, dizendo que era altura de “andar para a frente”.