Cinco funcionários dos serviços de migração de Moçambique foram detidos, suspeitos de facilitarem a entrada de estrangeiros que procuravam recrutar membros para o tráfico de drogas que financia terroristas, anunciou esta sexta-feira a polícia moçambicana.

Os funcionários foram detidos em resultado de um mandado de captura emitido pelo Tribunal Judicial da Província de Sofala, no quadro das diligências em curso após a detenção, na terça-feira, de cinco estrangeiros que procuravam recrutar membros para o tráfico de drogas que financia terroristas, explicou à comunicação social, na Beira, o porta-voz do Serviço Nacional de Investigação Criminal (Sernic) de Moçambique em Sofala, Alfeu Sitoe.

“Há fortes indícios do seu envolvimento no caso dos estrangeiros detidos na terça-feira”, frisou o porta-voz do Sernic, sem avançar mais detalhes.

Na terça-feira, a polícia moçambicana deteve quatro homens e uma mulher, todos estrangeiros, numa residência da cidade da Beira por suspeitas de recrutarem membros para tráfico de drogas, que financia terroristas no país.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Polícia moçambicana detém suspeitos de financiar terrorismo

Na operação foram apreendidos passaportes e outros documentos de identidade do Quénia e da Somália, mas que aparentam ser falsos, segundo o Sernic.

A ação foi movida com base na informação de que o grupo de cidadãos de nacionalidade estrangeira se dedicava à prática de vários crimes, tais como tráfico de drogas, imigração ilegal e tráfico de pessoas.

Segundo o porta-voz do Sernic, um dos membros “tem recrutado cidadãos de nacionalidade queniana para integrá-los na insurgência na província nortenha de Cabo Delgado“, a mais de mil quilómetros de distância.

A província de Cabo Delgado é rica em gás natural, mas aterrorizada desde 2017 por rebeldes armados, sendo alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico.

Há 784 mil deslocados internos devido ao conflito, de acordo com a Organização Internacional das Migrações (OIM), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projeto de registo de conflitos ACLED.

Desde julho de 2021, uma ofensiva das tropas governamentais com o apoio do Ruanda a que se juntou depois a Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) permitiu recuperar zonas onde havia presença de rebeldes, mas a fuga destes tem provocado novos ataques noutros distritos usados como passagem ou refúgio temporário.