Cerca de 2.000 pessoas tentaram entrar nesta sexta-feira de forma ilegal no enclave espanhol de Melilla, a partir de Marrocos, e pelo menos 130 conseguiram entrar na cidade, disseram as autoridades de Espanha.

As 130 pessoas que conseguiram passar para o território espanhol foram levadas para um centro de acolhimento temporário, segundo a mesma informação oficial.

As autoridades da cidade revelaram que cerca de duas mil pessoas se concentraram em território marroquino perto de Melilla e começaram a aproximar-se da fronteira às 06h40, tendo sido acionado um dispositivo policial pelos dois países.

Um grupo de 500 pessoas conseguiu ainda assim chegar à vedação que separa os dois territórios e começar a destruí-la usando uma tesoura de poda.

Era um grupo “perfeitamente organizado e violento”, segundo a Delegação do Governo espanhol em Melilla.

Segundo as autoridades espanholas, 130 pessoas entraram na cidade, todos homens e, aparentemente, maiores de idade. Os enclaves espanhóis de Ceuta e Melilla são as únicas fronteiras terrestres da União Europeia com o continente africano (com Marrocos, nos dois casos).

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Esta é a primeira tentativa de violação massiva das fronteiras dos enclaves desde a normalização das relações diplomáticas entre Madrid e Rabat, em março passado, depois de um ano de tensões.

A crise entre Marrocos e Espanha estava relacionada com a estada em Espanha em abril de 2021 do líder do movimento independentista sarauí Frente Polisário, para ser tratado na sequência de uma infeção causada pela Covid-19.

A Frente Polisário, apoiada pela Argélia, contesta a ocupação por Marrocos do Saara Ocidental.

A tensão diplomática entre Madrid e Rabat desencadeou a entrada, em meados de maio, de mais de 10.000 migrantes em Ceuta, graças a uma flexibilização dos controlos do lado marroquino.

Em março passado, as relações bilaterais foram normalizadas, depois de o governo espanhol assumir publicamente que a proposta apresentada por Rabat em 2007 para que o Saara Ocidental seja uma região autónoma controlada por Marrocos é “a base mais séria, credível e realista para a resolução deste litígio”.

O Saara Ocidental é uma antiga colónia espanhola ocupada por Marrocos há 47 anos, no contexto de um processo de descolonização.

Espanha defendeu durante muito tempo que o controlo de Marrocos sobre o Saara Ocidental era uma ocupação e que a realização de um referendo patrocinado pela ONU deveria ser a forma de decidir o futuro do território.

Sánchez visitou entretanto Rabat e os dois países fizeram uma declaração conjunta, em abril, que normalizou o tráfego fronteiriço e as relações bilaterais.