O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, apresentou esta quarta-feira as “vantagens comparativas de Portugal” perante o seu homólogo queniano, Uhuru Kenyatta, e defendeu uma “parceria para sempre” com o Quénia.
Na abertura de um Fórum Económico Portugal-Quénia, no antigo picadeiro real junto ao Palácio de Belém, em Lisboa, que faz parte do programa da visita de Estado de Uhuru Kenyatta a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu-se ao seu homólogo como “querido amigo e irmão” e elogiou a sua liderança e personalidade.
Uhuru Kenyatta é o primeiro Presidente do Quénia a visitar Portugal, assinalou, motivando uma salva de palmas.
Depois, falando em inglês, o chefe de Estado apresentou as “vantagens comparativas de Portugal”, realçando o peso da emigração portuguesa: “Por que é que Portugal é um parceiro tão bom? Primeiro que tudo, somos pequenos e grandes ao mesmo tempo. Somos um país pequeno, não somos perigosos na nossa dimensão física, mas somos um grande país porque a nossa diáspora está por todo o mundo, porque os nossos melhores estão fora do país”.
Em segundo lugar, somos confiáveis. Sempre que fazemos um acordo, é um acordo vinculativo, não é apenas uma promessa. Em terceiro lugar, conhecemos África. Não somos como muitos países ocidentais que não conhecem, não compreendem e não amam África. Dentro da União Europeia há poucos países que realmente conheçam África. Nós conhecemos África”, prosseguiu.
Marcelo Rebelo de Sousa destacou, em quarto lugar, que Portugal é membro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), juntamente com vários países africanos, nomeando Angola e Moçambique, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Guiné-Bissau, e também o Brasil, que está “de frente para África”.
“A quinta razão: nós já estamos no Quénia, nas infraestruturas, mas também na tecnologia, mas também no comércio, mas também a começar na agricultura, mas também a começar nas energias renováveis, mas também no digital, no ‘software'”, acrescentou.
O chefe de Estado sustentou que os portugueses são “muito bons” em domínios como a pesca sustentável, nos setores portuário e da energia e que Portugal ocupa uma posição central na “revolução digital” graças à Web Summit.
“Apesar de sermos fisicamente pequenos, temos uma influência que podemos espalhar por todo o lado, sem incomodar, sem querer dominar”, disse.
Por outro lado, convidou também os quenianos a “investirem mais em Portugal” e apelou a “mais turismo vindo do Quénia”.
Marcelo Rebelo de Sousa considerou que Portugal e Quénia já se conhecem bem, têm “uma empatia”, e defendeu que “está é uma oportunidade única” para reforçarem relações: “É uma parceria óbvia, e é uma parceria para sempre”.
Mesmo sem “Kenyattas ou de Sousas como presidentes no futuro”, haverá “para sempre a parceria, a irmandade” entre Portugal e Quénia, concluiu.
O pai de Uhuru Kenyatta, Jomo Kenyatta, foi o primeiro Presidente do Quénia após a independência em relação ao Reino Unido, entre 1964 e 1978.
Por coincidência, durante esse período, o pai de Marcelo Rebelo de Sousa, Baltazar Rebelo de Sousa, foi governador-geral da então província ultramarina de Moçambique, entre 1968 e 1970, em plena guerra colonial.