O representante do secretário-geral das Nações Unidas na Conferência dos Oceanos de Lisboa considerou que a declaração adotada esta sexta-feira no encerramento do encontro é um “sinal forte” de urgência de tratar da saúde dos oceanos.
Oceanos. Conferência da ONU em Lisboa termina esta sexta-feira com declaração final
“Manda um sinal forte da necessidade de agir decisiva e urgentemente para melhorar a saúde, uso sustentável e resiliência” dos oceanos, afirmou o subsecretário-geral da ONU Miguel Serpa Soares, que representou António Guterres no plenário de encerramento da segunda Conferência dos Oceanos.
Serpa Soares afirmou que “apesar de desafios avassaladores, a conferência foi um enorme sucesso“, proporcionando “novas ideias e compromissos” e apontando “a necessidade de elevar o trabalho e a ambição para a recuperação” dos oceanos.
Adiada por dois anos devido à pandemia de Covid-19, a conferência aconteceu numa altura em que “as economias baseadas no oceano foram profundamente afetadas pelo fecho de fronteiras, pelas perturbações no comércio marítimo e pelas perturbações na ciência oceânica e monitorização dos mares”, apontou.
O contexto é de “crise financeira, energética e alimentar multidimensional”, declarou Miguel de Serpa Soares, mas nos oceanos está “o potencial para produzir alimento e energia para milhares de milhões de pessoas”, o que se poderá concretizar na “transição para uma economia sustentável baseada nos oceanos”.
No fim de cinco dias de conferência, co-organizada por Portugal e pelo Quénia, afirmou que “há esperança de que haja a vontade política necessária para salvaguardar o futuro do oceano“.
“Ainda não é demasiado tarde para quebrar o ciclo do declínio da biodiversidade, aquecimento, acidificação e poluição marinha”, considerou.
Entre as prioridades, apontou a necessidade de “maior investimento na recuperação de ecossistemas costeiros para aumentar a resiliência do oceano” e de dar destaque às mulheres, “uma parte significativa da força de trabalho” nas comunidades litorais que dependem do oceano, que “lamentavelmente estão nos trabalhos menos remunerados e protegidos”.
“A gestão sustentável de 100 por cento do oceano é obrigatória. Proteger 30% seria um grande avanço em direção a este objetivo”, acrescentou.
Miguel de Serpa Soares destacou ainda a necessidade de “cooperação internacional para chegar a novos modelos de financiamento, modelos inovadores de que incluam o setor privado”.