Um grupo desconhecido raptou, na quinta-feira, o empresário Ebraim Seedat na cidade de Chimoio, província de Manica, centro do país, disse esta sexta-feira fonte da Polícia da República de Moçambique (PRM).
“O crime foi perpetrado por três pessoas munidas de armas de fogo. Não foi possível abortar a ação, mas neste momento todas as linhas operativas já foram lançadas”, disse Mateus Mindu, porta-voz da PRM em Sofala, em conferência de imprensa.
Ebraim Seedat, 60 anos, cidadão de origem asiática e com dupla nacionalidade (portuguesa e moçambicana), foi raptado no início da noite, junto a entrada da sua residência, na rua da Zâmbia, numa zona nobre da cidade de Chimoio e com “um cordão de segurança considerável”.
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“Chegou à casa na sua viatura no horário habitual depois de fechar a loja, mas logo entrou uma outra carrinha e dela desceram homens armados e o levaram“, contou à Lusa um dos seguranças da residência.
Um outro segurança da rede de estabelecimentos Patel comercial, pertencente à vítima, disse à Lusa que o seu patrão levava uma “vida normal”, sem escoltas e nem seguranças particulares, como faz a maioria dos empresários de origem asiática em Chimoio.
“Saiu daqui da loja por volta das 18h00 horas [menos uma em Lisboa] para casa e não notamos nenhum movimento estranho que levantasse suspeitas“, declarou o segurança.
Algumas cidades moçambicanas, principalmente as capitais provinciais, voltaram a ser assoladas desde 2020 por uma onda de raptos, visando principalmente homens de negócios ou seus familiares.
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Só em Chimoio, trata-se do sexto caso de rapto nos últimos três anos e meio, sendo que as vítimas têm regressado à casa sem intervenção policial e após o pagamento de resgates na maioria dos casos.
Numa avaliação sobre a criminalidade, apresentada no início do mês de maio, a procuradora-geral da República de Moçambique referiu que os crimes de rapto têm vindo a aumentar e os grupos criminosos têm ramificações transfronteiriças, mantendo células em países como África do Sul.
De acordo com Beatriz Buchili, foram registados 14 processos-crime por rapto em 2021, contra 18 em 2020, mas há outros casos que escapam à contabilidade oficial, sendo que na maioria o desfecho é desconhecido.
Em novembro de 2021, a Polícia da República de Moçambique lançou a formação de uma força mista para responder a este tipo de crime, um grupo de oficiais que vão ser capacitados por especialistas ruandeses.