O Mundial de MotoGP regressa apenas daqui a um mês com o Grande Prémio da Grã-Bretanha no sempre apetecível traçado de Silverstone, mas nem por isso deixa de haver muitas notícias em torno da principal categoria do motociclismo mesmo sem provas. Algumas, como não poderia deixar de ser, têm o português Miguel Oliveira como protagonista – mas nem por isso com novidades em relação ao piloto da KTM, que está prestes a terminar contrato com a equipa austríaca. Ainda assim, e numa fase em que só existem três hipóteses em aberto para os conjuntos de 2023, há frases e ideias que deixam pistas.
“No início do ano as minhas expectativas eram renovar o contrato com a KTM. À medida que as corridas avançavam, eles informaram-me da intenção de continuar [na equipa] e começámos a pensar nos termos de um acordo futuro. Mas pouco antes do Grande Prémio de Mugello [Itália] disseram-nos que não tinham um lugar para me oferecer na equipa de fábrica”, voltou a explicar numa entrevista à revista PecinoGP que foi feita ainda antes do Grande Prémio dos Países Baixos, em Assen, em que Miguel Oliveira terminou pela quarta corrida na nona posição apesar de ter voltado aos lugares de qualificação do Q2.
“Às vezes as comparações são justas, às vezes as comparações são injustas. Na minha opinião, tens de olhar muito mais além dos resultados. Senti, e ainda acredito, que sou muito valioso como piloto da KTM mas a decisão deles é ter um piloto diferente. A decisão da KTM é algo que não tenho de concordar ou entender. É o que é. Não tomo decisões em relação ao futuro com base no dinheiro que vou ganhar, a minha prioridade é estar num ambiente, numa equipa e numa moto competitiva”, destacou, antes de vincar mais uma vez o porquê de não compreender a saída da equipa de fábrica com uma convite para a Tech3.
“Era para ser uma equipa júnior para promover pilotos de Moto2, que fossem estreantes. Agora tornou-se numa equipa onde eles trazem pilotos que acreditam que podem ser competitivos. Vejo-me como piloto de primeira linha. Talvez seja puro ego mas acho que não são muitos os pilotos que venceram corridas de MotoGP”, salientou o piloto de 27 anos, recordando os quatro triunfos na principal categoria entre Estíria e Portugal (2020), Catalunha (2021) e Indonésia (2022) após ser vice-campeão de Moto3 e Moto2.
“O Miguel está livre porque não quisemos acionar a nossa opção no contrato. Decidimos assim porque temos uma boa amizade com ele. Ainda tem a oportunidade de falar e negociar connosco um lugar na Tech3 para 2023. A oferta ainda está de pé. Mas o Miguel não tem nenhum impedimento da nossa parte que o impeça de assinar contrato noutro lado. Não tem de pagar pela sua liberdade, de forma alguma, porque respeitamos o que ele conseguiu nos sete anos que teve connosco”, comentou Pit Beirer, chefe da KTM, após o Grande Prémio dos Países Baixos, após o convite feito por Francesco Guidotti, team manager.
De acordo com a imprensa especializa, Miguel Oliveira poderia ainda recuar em relação à KTM, aceitando o convite para voltar à equipa onde esteve nos dois primeiros anos de MotoGP também para mostrar que não deveria ter saído do conjunto de fábrica que será ocupado em 2023 por Brad Binder e Jack Miller, antigo piloto da Ducati. No entanto, parece cada vez mais provável que o português possa mesmo mudar-se para a nova RNF, atual equipa satélite da Yamaha que vai passar para a Aprilia. Além do piloto de Almada, a ideia de Razlan Razali, diretor da formação transalpina, era juntar o espanhol Raúl Fernández.
“Tem-se falado de nomes como Celestino Vietti. Prefiro apostar num piloto que está no MotoGP com pouca experiência, com apenas um ano, que podemos desenvolver . Não precisamos de olhar para a Moto2. Não queremos rookies. Além disso, 90% dos nossos patrocinadores são italianos, mas eles não exigem pilotos italianos. Por estarmos associados à Aprilia, uma marca italiana, essa necessidade já está coberta”, referiu Razali a propósito das possibilidades em aberto para ocupar as duas vagas da equipa. Além de Míguel Oliveira, Álex Rins também poderia ser uma hipótese mas deve seguir para a Honda. Depois, há um problema com Fernández: a necessidade de poder pagar cerca de um milhão de euros à KTM.