O artista plástico português Sérgio Pombo, que deixa uma obra de pintura e escultura focada na figura humana, morreu no domingo, aos 75 anos, em casa, na Parede, Cascais, disse esta terça-feira à Lusa fonte próxima da família.
Sérgio Pombo nasceu em Lisboa, em 1947, estudou gravura na Sociedade Cooperativa de Gravadores Portugueses e licenciou-se em pintura nos anos 1970, pela então designada Escola Superior de Belas Artes de Lisboa.
Entre as décadas de 1970 e 1980, fez parte do coletivo Grupo 5+1, que integrava igualmente os pintores João Hogan, Júlio Pereira, Guilherme Parente e Teresa Magalhães, assim como o escultor Virgílio Domingues.
Sérgio Pombo foi bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian em Portugal, entre 1976 e e 1979, e, na Alemanha, entre 1992 e 1993.
Expôs sobretudo em Portugal, mas também em França, Espanha, Grécia ou Brasil, tendo integrado a representação de Portugal na Bienal de São Paulo em 1982.
Em 2013, quando teve uma exposição de escultura no Teatro da Politécnica, em Lisboa, Sérgio Pombo falava à agência Lusa das suas preocupações, plasmadas na obra que produzia.
Uma parte da minha pintura andou à volta da representação do corpo: do sangue, do sentimento, do prazer, do sabor, da força, do músculo, do tendão e do movimento”, que é “muito mais excitante, enervante e tenso, do que a representação de um cosmo – a representação geométrica”, disse.
A propósito dessa mesma exposição, o encenador Jorge Silva Melo (1948-2022) afirmava que “a pintura de Sérgio Pombo – pintura, desenho, com figuras ou sem, a pintura que nele tudo é pintura, irredutivelmente pintura, mesmo quando é escultura – é tão brilhantemente viva que ofusca”, como se lê na página oficial dos Artistas Unidos.
Em 2020, Sérgio Pombo expôs na Fundação Carmona e Costa, em Cascais, numa mostra antológica de obras produzidas entre 1973 e 2017, com curadoria de João Pinharanda.
Sérgio Pombo exprime a sua subjetividade dominante e o seu ‘sentimento trágico da vida’ através de uma figuração exacerbada; cria o seu próprio tempo e universo, mas insere-os num tempo cronológico que os ultrapassa e num campo longo, expressionista (ainda não inteiramente revelado e estudado), da criação artística portuguesa”, escreveu João Pinharanda no livro que foi publicado por ocasião daquela exposição em Cascais.
O Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT), que lamentou a morte do artista plástico nas redes sociais, recorda que Sérgio Pombo “incorporou na sua obra valores da cultura pop, desenvolvendo trabalhos de pintura, escultura e desenho”.
Sérgio Pombo recebeu o Prémio Nacional de Gravura (1981), o Prémio de Gravura do Banco de Fomento Nacional (1983), o Prémio de Aquisição de Lagos (1984) e também o Prémio Banif de Pintura (1993).
A obra dele está representada em várias coleções, nomeadamente no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian, na Caixa Geral de Depósitos e em coleções privadas.