As autoridades russas abriram uma “investigação criminal” contra Ilya Yashin, uma das últimas figuras da oposição que ainda permanece no país e que não foi condenada a uma longa pena de prisão, anunciou esta terça-feira o advogado do ativista.

O Comité de Investigação da Rússia, responsável pelas principais averiguações judiciais, abriu um inquérito criminal contra o opositor por este ter divulgado alegadas “informações falsas” sobre o Exército russo, informou o seu advogado, Vadim Prokhorov, numa mensagem publicada na rede social Facebook, que indicou também ter sido contactado por um investigador.

Está a decorrer uma busca na sua casa. Vou para lá”, acrescentou o causídico.

No passado dia 28 de junho, Ilya Yashin, de 39 anos, foi condenado a 15 dias de prisão por alegada “desobediência à polícia”, acusação que o ativista considera não ter qualquer fundamento.

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Numa mensagem publicada esta terça-feira nas redes sociais, o opositor afirmou que esperava ser libertado nas próximas horas.

“Talvez eles me deixem sair. Talvez não”, escreveu Ilya Yashin.

A “divulgação de informações falsas” sobre os militares russos é um novo crime punível com até 15 anos de prisão, uma medida introduzida na Rússia após o início da invasão da Ucrânia.

Desde o início da ofensiva, em 24 de fevereiro, as autoridades russas têm vindo a intensificar a repressão contra as vozes críticas da invasão, afastando muitos deles para o exílio e detendo ou processando judicialmente outros.

Ilya Yashin, um reconhecido opositor do Presidente russo, Vladimir Putin, optou por ficar no país, apesar de condenar abertamente a intervenção militar na Ucrânia.

“As verdadeiras razões da minha detenção são obviamente políticas. Sou um opositor, um deputado independente (municipal), um crítico do Presidente Putin e um opositor da guerra na Ucrânia”, disse o ativista, quando foi detido no final de junho.

Yashin tem sido uma figura muito ativa na oposição liberal contra o regime russo desde os anos 2000, tendo participado num grande movimento de mobilização contra Putin, em 2011-2012.

É igualmente aliado do ativista anticorrupção Alexei Navalny, reconhecido por ser o principal opositor de Putin.

Navalny está a cumprir uma pena de nove anos de prisão em “regime severo” numa cadeia de alta segurança a norte de Moscovo, após ter sido julgado por “fraude” e “desobediência ao tribunal”.