O presidente interino do Sri Lanka declarou esta segunda-feira o estado de emergência, dando-lhe ampla autoridade para reprimir novos protestos a exigir a sua renúncia, dois dias antes do parlamento do país nomear um novo presidente.

Ranil Wickremesinghe tornou-se presidente interino na sexta-feira, após o anúncio da renúncia por parte do anterior chefe de Estado, Gotabaya Rajapaksa, que fugiu para as Maldivas e mais tarde para Singapura.

A imposição do estado de emergência surge numa altura em que continuam os protestos, que já duram há mais de 100 dias, e que agora exigem também a demissão de Wickremesinghe.

Manifestantes marcam hoje 100 dias desde o início dos protestos no Sri Lanka

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O decreto de emergência permite a Wickremesinghe implementar regulamentos para a manutenção da segurança e ordem pública, para reprimir motins e para assegurar o fornecimento de bens essenciais.

O decreto dá poderes ao presidente interno para autorizar detenções, arresto de propriedade e buscas domiciliares, assim como a alteração ou suspensão de qualquer lei vigente.

O parlamento do Sri Lanka reuniu-se no sábado para iniciar o processo de escolha de um novo líder para cumprir o mandato de Rajapaksa.

As candidaturas serão ouvidas na terça-feira e, se houver mais de um concorrente, os deputados votarão na quarta-feira.

A atual crise política no Sri Lanka deve-se à pior crise económica que o país vive desde a independência do Império Britânico em 1948.

A oposição política e os manifestantes acusam Rajapaksa de desvio de fundos públicos durante décadas e responsabilizam as medidas impostas pelo chefe de Estado que provocaram o colapso económico do país.

A família do presidente negou as alegações de corrupção, mas Rajapaksa reconheceu que algumas das políticas contribuíram para a crise que o país enfrenta.

O impasse político ameaça ainda mais a situação económica e financeira do Sri Lanka sendo que a falta de alternativa governamental pode atrasar ainda mais a intervenção do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O país já entrou em default técnico e tem uma dívida externa superior a 50 mil milhões de euros, que os analistas já consideraram “impagável”.

Entretanto, o país conta com a ajuda económica da Índia e da República Popular da China.

A escassez de produtos de primeira necessidade agravou a situação da população do país com 22 milhões de habitantes.