A família de Maksym Butkevych, um cidadão ucraniano de 45 anos preso por militares russos, pede que este seja libertado por ter sido confundido com um espião britânico.

A história remonta a 24 de junho quando os familiares e amigos de Butkevych receberam uma chamada que os informou que o ativista pelos direitos humanos tinha sido capturado pelas tropas de Moscovo.

O jornal britânico The Guardian conta que o homem, que sempre teve uma visão contra o conflito armado, se alistou no exército ucraniano como voluntário em fevereiro.

Recebemos uma chamada de outro voluntário a 24 de junho a dizer que o Maksym foi capturado e mandaram-nos um link para o vídeo do seu interrogatório, que foi exibido nas televisões russas. Apresentava-se [Maksym] com um ar exausto.”, descrevem os pais do ucraniano em declarações.

Afirmam não ter informações sobre o paradeiro do filho. Foram aconselhados a não fazer nenhuma declaração sobre a sua captura: “mas depois começámos a ver mensagens nas redes sociais russa que diziam ter capturado ‘um grande peixe’, um nazi e espião britânico”. Pelas pesquisas da família, existe mesmo um cidadão com estas características e de apelido Butkevych, mas não de nome Maksym que acabou por ter a sua identidade confundida.

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O estudante da Universidade de Sussex, em formação na BBC Ucrânia e membro da Amnistia Internacional da Ucrânia é conhecido por trabalhar e ajudar refugiados do seu país. Agora, faz parte dos cerca de 7200 ucranianos que estão debaixo da alçada russa como prisioneiros de guerra.

As provas de que o homem é na verdade um ‘soldado pela paz’ são dadas por Oleksandra Matviichuk — diretora do Centro de Libertações de Civis na Ucrânia — na rede social Twitter. No post pode ler-se que Maksym tem sido: “contra os militares, toda a minha vida fui consciente disso e vou permanecer com a minha convicção. Mas neste momento, sinto-me no meu lugar [do lado dos militares]. Estes são tempos trágicos. Todos estão a fazer o que podem no lugar onde estão”.

A história contada pelo próprio ucraniano dá conta que a unidade militar em que combatia, na zona de Hirske na região de Lugansk, foi atraída para uma armadilha montada pelos russos. Dois dos soldados que tinham ido buscar água para os restantes foram capturados e através do rádio, os inimigos deram as instruções para a retirada dos ucranianos.

Kyrylo Loukerenko, diretor executivo da rádio Hromadske que Maksym ajudou a fundar, foi quem deu a conhecer o caso na emissora digital ucraniana. Apesar de todos os trabalhadores da rádio quererem tornar pública a informação, foram aconselhados pela polícia a “não o tornar especial entre os outros prisioneiros de guerra”.

A decisão da divulgação acabou por ficar assente pelos próprios pais que estavam revoltados com a forma como os russos se referiam a Butkevych: “Quando os pais foram avisados de que ele tinha sido capturado decidiram que era melhor torná-lo público [por causa do que os comentadores russos diziam sobre ele]. Estão a tentar retratá-lo como um nacionalista anti-russo, mas é uma pessoa apaixonada pelos direitos humanos.”, diz o trabalhador da estação radiofónica.