As Nações Unidas anunciaram a entrega de 15 milhões de dólares (cerca de 14,7 milhões de euros) para aliviar a insegurança alimentar na República Centro-Africana (RCA), onde mais de um terço da população “não tem o suficiente para comer”.
O sub-secretário-geral das Nações Unidas para os Assuntos Humanitários, Martin Griffiths, determinou a libertação de fundos do Fundo Central de Resposta de Emergência (CERF) para “ajudar os atores a promover uma assistência de emergência abrangente para 200.000 pessoas em dez subprefeituras, onde a insegurança alimentar é mais grave”.
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O Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários da ONU (OCHA) afirmou, através de uma declaração, que a República Centro-Africana tem uma das proporções mais elevadas de pessoas criticamente inseguras do ponto de vista alimentar, juntamente com o Iémen, Sudão do Sul e Afeganistão, num total de 36% da população.
Uma grande proporção da população vive em zonas afetadas por conflitos, onde a insegurança e a deslocação reduziram as áreas disponíveis para cultivo e restringiram o acesso a mercados e campos”, disse, observando que “o impacto da guerra na Ucrânia está a agravar a situação, com projeções de um aumento de 70% nos preços das mercadorias, até agosto”.
Apelou a uma abordagem “multissetorial” que combinasse “ajuda alimentar, nutrição, cuidados de saúde, água, higiene e proteção” para “maximizar o impacto das intervenções de segurança alimentar e reduzir a utilização pelas pessoas de mecanismos negativos associados à escassez de alimentos, aumentando a privação extrema”.
Esta entrega de fundos é muito necessária para milhares de pessoas que lutam para comer uma vez por dia”, disse o coordenador humanitário da ONU no país africano, Denis Brown, que sublinhou que “a prioridade é salvar vidas”.
“Esta resposta de emergência ajudará as pessoas a alimentarem-se, a reiniciarem o cultivo onde for possível e a tratar a desnutrição. Também garantirá que as pessoas tenham acesso a cuidados de saúde e água limpa, dois requisitos fundamentais para uma ingestão adequada de alimentos”, argumentou.
Desta forma, seis organizações da ONU aumentarão a entrega de alimentos e dinheiro, bem como a distribuição de ferramentas agrícolas e sementes. Isto será complementado pelo aumento do tratamento e prevenção da desnutrição infantil e pela melhoria do acesso à água limpa para famílias com crianças gravemente desnutridas.
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O país africano mergulhou numa grave crise em 2020, na sequência da destituição do ex-Presidente François Bozizé, que regressou ao país em finais de 2019 para se candidatar novamente à presidência, posição que abandonou em 2014 face à revolta dos rebeldes Séléka, predominantemente muçulmanos.
Depois disso, a Coligação de Patriotas para a Mudança (CPC) – que reúne vários grupos rebeldes, incluindo vários signatários do acordo de paz de 2018 – lançou uma ofensiva que o levou à periferia da capital, embora desde então o exército tenha mantido avanços constantes contra os rebeldes, liderados por Bozizé.
As eleições legislativas foram realizadas por fases devido à insegurança e no meio de alegações da oposição de irregularidades e fraude no processo.