Os adversários das outras equipas, o adversário que muitas vezes pode ser o próprio monolugar, todas as características particulares de cada uma das pistas. Obstáculos no caminho dos pilotos da Fórmula 1 não faltam mas a paragem no circuito Paul Ricard, em França, trazia mais uma barreira para superar a cada piloto: o calor. Por isso, havia um pouco de tudo para combater essas condições climatéricas mais adversas em pista – ou não tivesse o Ferrari de Carlos Sainz iniciado mesmo um incêndio em Spielberg, na Áustria, pelos problemas que as altas temperaturas provocaram no sistema de refrigeração do motor. De ideias mais macro como o aumento das entradas de ar nos carros mesmo diminuindo a parte aerodinâmica a pontos mais micro como a colocação da roupa interior no congelador até à entrada na pista, tudo contava.

Das táticas fora de pista para as estratégias em pista, havia uma particular curiosidade em perceber que Red Bull estaria presente em França depois da sétima posição em Silverstone e do segundo lugar na Áustria que reduziu para 38 pontos a vantagem de Max Verstappen na liderança do Mundial. E, talvez até de forma surpreendente, o campeão mundial voltou a ficar atrás dos Ferrari: na primeira sessão de treinos livres, Charles Leclerc foi o mais rápido deixando o neerlandês a menos de 0.1; nos TL2, Carlos Sainz conseguiu o melhor tempo seguido do monegasco e o Red Bull ficou com o terceiro posto a mais de 0.5.

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“As atualizações que fizemos no carro funcionaram e o carro estava bem, sobretudo nas voltas rápidas. Nas voltas mais longas foi diferente. As temperaturas altas foram um fator importante, temos de ver como se protegem ao máximo os pneus”, comentou Sainz, recordando a penalização que teria de cumprir e que de iria retirá-lo dos lugares mais cimeiros. “O nosso ritmo foi muito bom, temos de nos concentrar agora no ritmo em corrida. A chave vai ser a gestão dos pneus pelas temperaturas”, destacou Leclerc. “Para mim, os TL2 foram mais complicados do que os TL1. Tentámos também coisas diferentes”, admitiu Verstappen, que deu depois a volta ao texto na manhã deste sábado com o melhor tempo e uma boa diferença dos Ferrari.

Era neste contexto que surgia a qualificação, com ainda mais calor do que se esperava mas com Charles Leclerc a começar a Q1 com um tempo canhão no fim de semana de 1.31,727 e Verstappen a andar perto do Ferrari a 0.164. Sem grandes surpresas, os minutos foram passando com as habituais queixas de excesso de tráfego no final de voltas lançadas e muitas preocupações com a poupança dos pneus, como se percebeu nas indicações da box da Ferrari para o monegasco. O “corte” acabou por frustrar muitos dos adeptos que preenchiam as bancadas, com o AlphaTauri de Pierre Gasly a não passar à Q2 tal como Lance Stroll (Aston Martin), Zhou Guanyu (Alfa Romeo), Mick Schumacher (Haas) e Nicholas Latifi (Williams).

Os cuidados de todas as equipas mantinham-se, com Leclerc a sair para a posta com pneus usados apenas para marcar um tempo de acesso à Q3. Assim, Max Verstappen era o único a conseguir andar no 1.31 na primeira série de voltas até Carlos Sainz elevar e muito a fasquia com 1.31,081 que ficava com menos 1.5 segundos do que o companheiro de equipa da Ferrari. Leclerc ainda melhorou e muito o seu tempo mas era nos lugares mais recuados que se centrava a luta, com os dois Mercedes a saltarem para a Q3 na derradeira volta e o “corte” a ser feito em Daniel Ricciardo (McLaren), a par do outro francês em pista (Ocon, Alpine), Valtteri Bottas (Alfa Romeo), Sebastian Vettel (Aston Martin) e Alexander Albon (Williams).

Com Sainz a jogar para o companheiro de equipa Leclerc, sabendo que tinha uma penalização para cumprir no Grande Prémio de França, o duelo parecia estar circunscrito a Ferrari e Red Bull, com o monegasco a ficar à frente de Verstappen na primeira tentativa por apenas oito milésimas de segundo. Percebia-se que o espanhol estava a tentar empurrar Leclerc para a frente, mesmo que a estratégia nem sempre fosse bem percetível, e a ideia acabou por funcionar na última volta lançada: Leclerc baixou a fasquia do 1.31 (1.30,872), Verstappen melhorou mas a mais de 0.3 e o monegasco garantiu a sétima pole position da temporada em 12 corridas, com Sérgio Perez em terceiro, Hamilton em quarto e Norris em quinto.