A Comissão Central de Trabalhadores (CCT) da Petrogal considerou esta segunda-feira, reagindo aos lucros da Galp, que o encerramento da refinaria de Matosinhos, no distrito do Porto, é um “espectro que continua a assombrar” a administração e o Governo.
Em dia de apresentação de resultados, o encerramento da refinaria do Porto é um espectro que continua a assombrar a Administração Amorim [maior acionista individual da Galp] e o primeiro-ministro, António Costa, pelo miserável serviço prestado ao país”, refere a CCT da Petrogal num comunicado hoje divulgado.
A estrutura representativa dos trabalhadores reagiu assim aos lucros da Galp, que subiram 153% no primeiro semestre, face a igual período de 2021, para 420 milhões de euros, com os resultados a refletirem um “desempenho operacional robusto”, divulgou a empresa.
Galp mais que duplica lucros nos primeiros seis meses do ano, para 420 milhões de euros
No entender da CCT, os resultados “são o prémio inacreditável da incompetência, dos despedimentos e da destruição social”.
Os números conhecidos “criam a expectativa de que também os resultados anuais batam recordes“, afirmando a CCT que a refinação “retomou um lugar que era seu e que muitos acharam pertencer ao passado”.
Ao que parece, a morte da refinação foi mais um boato manifestamente exagerado”, vincam os trabalhadores da Petrogal, considerando que as refinarias “continuam a ter um papel central na soberania energética do país”.
A CCT “repetirá mil vezes que as refinarias continuam a ter um papel central na soberania energética do país, produzindo os combustíveis que continuam a ser necessários para alimentar as cadeias de abastecimento e a generalidade dos transportes”, pode ler-se no comunicado.
Os trabalhadores apelidaram ainda os resultados semestrais de “estratosféricos”, dizendo que poderiam “ser ainda mais massivos caso a refinaria do Porto continuasse a produzir combustíveis, produtos químicos e óleos-base”.
Estes resultados são um hino à falta de visão estratégica, ao seguidismo acéfalo, ou então não, apenas ao oportunismo de quem se tentou aproveitar de uma situação pandémica para concretizar os seus objetivos pequeninos”, acrescenta.
A estrutura representativa dos trabalhadores considera ainda “estranho que quanto mais se fala de transição energética, mais sobem os lucros da petrolíferas”, e que a “área das renováveis continua sem expressão nos resultados”.
“A verdade teima a vir ao de cima e a escancarar os contornos lesa-pátria do encerramento da refinaria do Porto”, segundo os trabalhadores da Petrogal.
A antiga refinaria de Matosinhos vai dar lugar a uma cidade da inovação ligada às “energias do futuro”, no âmbito de um protocolo de cooperação entre a Galp, a Câmara de Matosinhos e a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
No dia 21 de dezembro de 2020, a Galp comunicou à Comissão de Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) a decisão de encerramento da atividade de refinação em Matosinhos, concentrando as suas atividades no complexo de Sines.